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A Sociedade de Direito Privado Será Right-Lib

Recentemente escrevi um blog sobre “Trabalho numa Sociedade de Direito Privado”. Salientei que, em uma sociedade de direito privado, o trabalho recupera seu esplendor como um valor ético e sua importância como um valor econômico, em oposição à glorificação de outros valores como igualdade ou justiça que supostamente vêm acompanhar o sistema estatal de bem-estar social. Sem a rede de segurança [do estado] na sociedade de direito privado, a necessidade do trabalho está fadada a se tornar maior nas mentes das pessoas. Isso terá efeitos no sistema educacional, nas relações entre empregadores e empregados, bem como na família. Mudanças culturais e sociológicas podem ser esperadas quando a ética do trabalho for revivida e ela será revivida como uma característica natural de qualquer sociedade de direito privado que sobreviverá e prosperará.

A implicação é que uma sociedade de direito privado vai ser libertária de direita, não libertária de esquerda. Isso não acontecerá por causa de uma escolha consciente de valores ou por planejamento ou pela tomada de posições ideológicas sobre questões sociais. Isso acontecerá porque o renascimento do estímulo ao trabalho e o renascimento do individualismo, em oposição à ação coletiva do governo, tem a tendência inerente ou natural de reviver certos valores e relacionamentos tradicionais.

Considere o que acontece quando o imposto de renda é encerrado. Eu afirmo que os efeitos resultantes são libertários de direita em tom ou caráter; eles se conectam a efeitos que os críticos austríacos do governo enfatizam. O imposto de renda faz com que a atividade não orientada ao mercado aumente; sua abolição permitirá que mais atividades ressurjam como atividades de mercado. Especialização e divisão do trabalho aumentam. Maior importância para o mercado é libertário de direita em caráter e em ênfase. O imposto de renda financia o consumo do governo; sua abolição resulta em maior investimento. Isso também é de caráter libertário de direita. O imposto de renda causa maior preferência temporal e consumo; sua abolição produz menor preferência temporal e mais acumulação de capital. Isso, novamente, é libertário de direita em ênfase. Minha afirmação é que os libertários de esquerda enfatizam questões esquerdistas que são muito diferentes das questões econômicas.

A sociedade de direito privado não vai visar especificamente a justiça social no sentido que os esquerdistas e os libertários de esquerda valorizam muito, a não ser os esforços para esclarecer os arrendamentos das propriedades privadas que podem ter sido suscitadas por meios coercitivos e as evidências de que melhores titulares existam. Por exemplo, várias formas de discriminação não serão explicitamente proibidas como é o caso hoje. As forças do mercado diminuirão isso, mas os direitos de propriedade privada permitirão muitos tipos de discriminação. Empregadores, companhias de seguros, proprietários de terras e chefes de famílias poderão discriminar. Este não é um resultado que os libertários de esquerda vão gostar. Também é de caráter libertário de direita em sua ênfase pró-mercado.

A sociedade de direito privado não se preocupará com a distribuição de renda produzida por decisões privadas e livres tomadas por seus membros. Isso claramente não combina com o pensamento libertário de esquerda.

As relações de trabalho que podem se desenvolver em uma sociedade de direito privado provavelmente não satisfarão os preconceitos mantidos pelos libertários de esquerda que condenam o que chamam de hierarquia, patrões, poder corporativo e desigualdade no local de trabalho. Essa é outra área significativa na qual uma sociedade de direito privado viável, de tamanho e escopo significativos, provavelmente será mais consonante com o libertarianismo de direita.

As relações de trabalho podem ser bem detalhadas. Os empregadores podem querer contratar pessoas que sejam limpas, vestidas de forma conservadora, livres de drogas, sóbrias, sem tatuagens, educadas, cordiais, alegres, minuciosas, honestas etc. É provável que haja discriminação e é bem possível que os requisitos de trabalho irão parecer “conservadores” em um sentido amplo, em oposição a “democrático” e “igualitário”, também em um sentido amplo. O libertário de direita pode novamente vencer. Mas, definitivamente, haverá casos em que os empregadores podem querer contratar pessoas que usem vestidos e roupas chocantes, cabelos coloridos, joias, sensuais etc. As diferenças entre homens e mulheres definitivamente surgirão porque as mulheres são mais hábeis em alguns trabalhos que os homens e vice-versa. Isso ainda é de natureza libertária de direita, porque o mercado está combinando pessoas com ocupações e não sendo forçado a usar métodos arbitrários de contratação.

A sociedade de direito privado premiará a autoridade moral que é conquistada, testada pelo tempo e que sobreviva aos testes de mercado. Isso não é consonante com as ideias libertárias de esquerda. Elas dependem de suposições sobre autoridade baseadas em categorias ad hoc ou características que não medem a autoridade moral. Para citar um libertário de esquerda, “Mas os libertários de esquerda enfatizam que o compromisso com a igualdade moral que constitui a base da crença na igualdade de autoridade deveria implicar a rejeição da subordinação e exclusão com base na nacionalidade, no gênero, na raça, na orientação sexual, no status do local de trabalho ou outras características irrelevantes”.

Os empregadores numa sociedade libertária de direita estarão livres para contratar imigrantes que possuam características desejáveis ​​e que não sobrecarreguem a sociedade. Da mesma forma, eles serão livres para recusar os imigrantes indesejáveis. A presença de tais filtros e discriminação provavelmente não satisfará os libertários de esquerda.

Eu reconheço que o que estou dizendo depende de como o libertarianismo de esquerda é caracterizado e isso pode variar de uma panelinha ou até mesmo de uma pessoa para outra. No entanto, penso que o meu ponto principal vai ficar de pé, que é isso: uma ordem de mercado tenderá a ser mais consistente com um caráter libertário de direita do que libertário de esquerda. Também reconheço que nem todas as sociedades de direito privado serão iguais. Estou pensando em termos de uma sociedade em larga escala que se beneficia da divisão do trabalho e do comércio. Estas são compelidas a serem orientadas para o mercado e esse é o caso que eu assumi.

Este texto e o anterior no meu blog pretendem aprofundar a divisão entre os libertários de direita e de esquerda, argumentando que a sociedade de direito privado de tamanho e escopo substancial é inerentemente de caráter libertário de direita.

Artigo Original

Tradução de Pedro Dias

Revisão por Larissa Guimarães

Joey e Murray Rothbard: uma reflexão sobre o amor

[Esse texto é dedicado em respeito às pessoas que estiveram comigo ao longo da minha caminhada e que me ajudaram a me tornar a pessoa que hoje eu sou. Um agradecimento. E um desejo que estejam bem da forma que for. Relacionamentos saudáveis sempre vão edificar ambas as pessoas. Meu desejo com este texto é que as pessoas busquem, cada vez mais, relacionamentos edificantes ao longo de suas próprias jornadas e repensem uma vida cheia de relações superficiais e que não trazem construções. Todavia, não desejo que você sinta ódio dos relacionamentos que não foram tão proveitosos. Use-os para tirar um aprendizado. Experiências ruins nos tornam mais fortes e nos trazem aquilo que não desejamos repetir nem conosco nem com o outro.]

Uma reflexão do amor nos tempos modernos

O amor nos tempos modernos é quase sempre motivo de chacota e de superficialidade. Nunca exploramos o íntimo de quem está conosco devido ao medo que intimamente temos de ter nossas próprias profundezas averiguadas. Sempre evitamos aquelas pessoas que nos afetam diretamente. Sempre fugimos de nos comprometermos. De estarmos juntos de fato com as pessoas. Querem desconstruir aquilo que chamam de “amor romântico”, mas o fazem sem perceber que amor – de fato – está nas pequenas coisas cotidianas. As pessoas não se apaixonam por um grande buquê de flores em meio a um público atento – ainda que algumas pessoas gostem deste tipo de homenagem. As pessoas se apaixonam por te ver cozinhando com elas um simples macarrão ou discutindo uma certa questão no jantar. Por um simples olhar ou maneira de sorrir.

O pós modernismo retirou a ideia completa do amor de nossas cabeças e trouxe uma ideia tóxica e narcisista de que o outro está ali pra nos satisfazer em nossos desejos. Desejos estes tão superficiais quanto os nossos relacionamentos. Não se quer mais o outro mas sim a ideia pré concebida do que achamos correto no outro. E o impomos à eles nossas vontades, que não são de fato uma vontade íntima, mas sim, uma vontade imposta à nós como aquela que é benéfica na concepção pós moderna. Assim nascem os relacionamentos tóxicos que vemos cada vez mais proliferar e que podem se tornar até mesmo um relacionamento “abusivo” com agressões de ambas as partes. Essa é a cereja do bolo do duplipensar moderno: dizem atacar estes relacionamentos ao mesmo tempo que os constroem por meio da difusão de egos narcísicos.

O pós modernismo age sob a mulher de maneira ainda mais incidente. Perdemos o sentido, buscamos ele em coisas, numa rotina incansável de procurar algo que nos preencha. As bases morais desabam em nossos pés e nos é cobrado que além de ter uma família, sejamos independentes, livres. A falsa liberdade pós moderna que só traz mais grilhões. E nos amarramos cada vez mais em nossas próprias ataduras. “Preciso ser livre”: passamos a adolescência ouvindo isso, mas ao mesmo tempo, precisamos ser mulheres perfeitas. É uma dicotomia de valores que se embatem entre si. O feminismo envenena nos dizendo sejas livre, embata a “cortina conservadora”. Cria laços e relacionamentos líquidos. Que não duram. Vivemos em busca de um prazer desenfreado, desenlaçado e você não pode sofrer os lutos da perda. Mulher feliz, independente é aquela que na semana seguinte a um término já está curtindo a vida. Não se pode viver o luto. Viver o luto é ser dependente. E a pressão pós moderna para sermos independentes nos esmaga contra nossos próprios sentimentos. E você se vê cada vez mais se metendo em relacionamentos realmente “abusivos” porque não houve o crivo da seleção do homem valoroso. Como você precisa se preencher de “independência”, de “fortaleza”.

Mas a mulher é naturalmente mais sensível. Só que o feminismo da escola nos ensinou que demonstrar sensibilidade é demonstrar fraqueza. E a mulher não pode se mostrar fraca. Não pode querer segurança. Ela tem que criar um muro de falsa segurança da independência que o feminismo supostamente nos deu. E vemos o vazio. Encaramos o vazio. E cada vez mais o silêncio. Não o silêncio reflexivo. Mas o silêncio ensurdecedor. O choro engolido. A constante sensação de pisar em ovos, em nuvens. Sem fortaleza. Sem homens que demonstrem segurança porque a eles também foi ensinado que isso é *machismo*. E que eles deviam buscar mulheres independentes. Que não precisavam deles pra nada. E o fruto disso são mulheres histéricas que se tornarão abusivas emocionais. Já que normalmente a mulher trabalha de forma mais emocional, elas se tornam mulheres que vão sugar toda a sua energia em discussões infindas com pratos voadores.

Ainda que haja a responsabilidade individual e a história própria de cada uma, algumas com históricos horríveis de fato de abuso sexual e outras coisas que podem refletir em personalidades ainda mais emocionais, é impossível negar este elo entre a histeria atual e as construções pós modernas. Percebam que em momento algum eu me isento aqui de também ser abusiva certos tempos. Nasci em meio a geração millenial. Obviamente que tenho comportamentos que me arrependo e que busco evoluir. E o meu texto é um conselho próprio também, baseado em minhas próprias conclusões de leitura.

O homem também foi preenchido de vazio. De liquidez. Quase gasoso. Porque ele tem a necessidade de parecer importante para alguém, de parecer fortaleza para alguém. É natural da espécie humana. E com o vazio de sentido pós moderno  criamos os “fortinhos” masculinistas – que não percebem que eles são fruto do próprio feminismo na teoria da ferradura – e que baseiam sua fortaleza não em sua superioridade moral, não em sua intelectualidade, mas sim em sua quantidade de músculos, dinheiro e mulheres aos seus pés que obviamente rejeitou por ser superior – não nos esqueçamos do fato que eles costumam se relacionar a escondidas com estas pois não podem demonstrar inferioridade aos seus amigos machos “alpha” . E, que, amargurados em suas próprias decepções – porque também esperam da mulher a construção narcísica que criaram: A mulher “10/10”, dedicada ao lar e a família, que não é “interesseira”, que é submissa a vontade deles, ou isso ou aquilo *insira aqui alguma fala comum destes* – se tornam agressivos fisicamente já que essa é a forma maior de expressão masculina na espécie humana. Puro fruto do ego millenial descendente do vazio pós moderno que desenvolvem o discurso “mulher é merda” que não é nada original já que o vemos no lado feminista pelo discurso “todo homem é um estuprador”.

Também vemos crescer os submissos ao movimento feminista pós moderno. O típico feministo – ou como as próprias tendem a chamar: esquerdomacho –  que forçam algo falso para agradar. Geralmente este se comporta como se fosse isento de responsabilidade das expectativas que criam nas mulheres que se relaciona. O discurso já conhecido do amor livre e poliamor. Nada mais é do que reflexo de sua própria incapacidade de se tornar responsável por conquistar o sentimento no outro ao desenvolver inúmeras relações superficiais devido ao seu medo de ser tocado em sem âmbito profundo. Um medo millenial de ter sua base fraca transformada por um relacionamento profundo.

E estes grupos embatem entre si. Mulheres que olham ao seu redor e não veem um único homem que seja capaz de lhes dar segurança, apenas frouxos feministos e fortinhos masculinistas. E que não tem um homem se dedicar a elas e muito menos dar segurança. Mas também não aprenderam a se proteger porque não aprenderam segurança, aprenderam independência. E ao sofrerem violência, seja doméstica seja sexual, se encerram cada vez mais em si, em seu vazio. Porque ao falarem pra um homem ou ele vai a culpar – você desejou – ou ele vai se portar feito um frouxo. Não vai ter um homem para lhe oferecer proteção, pra punir o criminoso, nem tampouco sabem como poderiam fazê-lo. Ou então, essa mulher vai ser ensinada que somente ao lado de um monte de outras mulheres que também são “fracas”  podem falar.  E elas se baseiam numa falsa segurança de desafio e revolta ao homem. Porque ele a violentou. Quando na verdade foi um ser humano criminoso que merece punição. Mas não vai ter UM homem para lhe dizer isso. Porque se ele dizer, é *machismo*. É “mainsplaning”. É abuso. Mas o real abuso, a real violência permanece cerrada, escondida, em busca de um lugar seguro que não se encontra mais. E a única coisa que resta é o vazio. Que cada vez mais preenche os seres humanos. Fruto do pós modernismo. Que cada vez mais gera uma sociedade fraca. Suicida.

Mas, quem foi Joey Rothbard?

Nesta parte, vou utilizar o texto do próprio Mises Institute sobre a companheira de Murray N. Rothbard, há que eles – mais do que eu souberam quem foi Joey Rothbard:

“O Instituto Mises lamenta a morte de JoAnn Rothbard, esposa e colaboradora de Murray Rothbard por 42 anos, que morreu às 12h45 de 29 de outubro de 1999. Ela nasceu como JoAnn Beatrice Schumacher em 17 de setembro de 1928, em Harvey, Illinois, e foi criada no sul da Virgínia. Se casou com Murray em 16 de janeiro de 1953 em Nova York. Se formou na Universidade Summa Cum Laude em 1966 e fez seu mestrado em história na Universidade de Nova York em 1974. Editora do marido e sua conselheira mais próxima, ela era sua parceira em todos os aspectos da erudição e da vida. De fato, Murray descreveu-a como “o quadro indispensável”. Além de sua mentalidade acadêmica, ela foi uma anfitriã famosa do salão Rothbard nos anos 60 e 70, especialista em história e performance da ópera e grande amiga pessoal das principais figuras intelectuais da rightlib por muitos anos. Após a morte de Murray em 1995, ela trabalhou pelo florescimento da tradição rothbardiana, dando vários discursos nas conferências do Mises Institute. Por dois anos, ela ministrou um curso sobre Abraham Lincoln na Universidade Mises. Em janeiro de 1999, no quarto aniversário da morte de Murray, ela sofreu um grave derrame e, desde então, foi hospitalizada na Virgínia. Ela morreu de câncer e devido aos efeitos do derrame, e será enterrada ao lado de Murray, no sul da Virgínia. Um serviço memorial para JoAnn será realizado na Igreja Presbiteriana da Madison Avenue, 921 Madison Avenue, Nova York, às 2:00 pm, sábado, 26 de fevereiro de 2000, com uma recepção imediatamente após o andar de baixo no salão da paróquia…” [1]

Como podemos perceber, é imprescindível o fato de que Joey era de fato uma mulher valorosa. Teve uma vida acadêmica maravilhosa, uma carreira de dar inveja em qualquer feminista professora de história. Mas também dedicou-se a ajudar aquele que seria o seu amor e companheiro. Tanto em vida, quanto no pós mortem de Murray.

O amor entre o casal Rothbard

Na nota que se segue é possível perceber que eles eram um casal em que havia uma grande mulher que edificava um grande homem e vice-versa. Um casal dedicado a si mesmos em seus próprios valores e que partilhavam de uma grande sabedoria como esposos. Em que mesmo com o tempo, a admiração nunca deixou de crescer e que ainda que tenham começado pequenos, construíram em seu entorno uma fortaleza.

MINHA VISÃO DE MURRAY ROTHBARD por JoAnn Rothbard

Quando Murray estava na escola, ele sempre saía da aula de teatro, porque, como qualquer pessoa que esteja familiarizada com ele sabe, ele é um grande mau ator. Um ano ele descobriu que os dois papéis masculinos eram o príncipe jovem bonitão e o velho rei gordo. Ele também descobriu que era esperado que ele fizesse o papel do velho rei gordo. Então, isso o incomodou e ele começou uma campanha para conseguir o papel do príncipe jovem bonitão.

Havia duas razões para isso. Primeiro, a suposição de que ele seria o velho rei gordo em vez do príncipe jovem bonitão irritou-o. E, em segundo lugar, o príncipe jovem bonitão, em algum ponto da peça, beijou a mão da bela e jovem princesa e o papel dela era de uma garota por quem ele tinha uma queda. Ele estava determinado a beijar a mão dela. Tal rebuliço fez com que finalmente ele seja premiado com o papel do príncipe jovem bonitão. Então começaram os ensaios e as direções devastadoras: “Você pega a mão dela na palma da mão, ergue a mão dela, inclina e beija o seu próprio polegar.”

E assim a vida falhou para um menino cujos pais pensaram que estavam lhe dando um apelido escocês quando o chamaram de Murray. Mas agora ele fez sessenta e ele pode ter tido que beijar o próprio polegar naquele momento, mas ele sempre foi o príncipe jovem bonitão para mim.

Ele sempre foi muito entusiasmado no que era de seu interesse: jazz dos anos 20 e 30, igrejas barrocas alemãs e liberdade.

Mas muito antes de eu conhecer o jazz, ou a liberdade, e antes mesmo de ele conhecer as igrejas barrocas alemãs, eu me sentia atraída por sua inteligência e, especialmente, por seu senso de humor. Ele estava e está sempre pronto para rir. Trinta e cinco anos atrás, fomos castigados por rir na biblioteca da Universidade de Columbia. E recentemente, eu o encontrei em um cinema escuro, seguindo seu riso familiar.

Seu entusiasmo o conduziram por todo lugar no mapa – dos irmãos Marx aos beatos versus litúrgicos e, é claro, ao Instituto Ludwig von Mises. Nunca se sabe onde seu interesse vai pousar em seguida. Recentemente, acordei no meio da noite e Murray ficou encantado por ter alguém para contar a sua mais nova descoberta: “Aquele desgraçado do Eli Whitney não inventou o descaroçador de algodão afinal”.

Logo, espero que ele tenha muito mais tempo para se entregar ao riso e ao entusiasmo, e que, aos sessenta anos, ele esteja apenas no meio de sua vida, ou como sua avó diria, bis ein hundert und zwanzig: [até os cento e vinte].

Uma pequena nota de como os detalhes importam na vida de um casal e que são estes – não as coisas que esperamos do outro – que nos tornam apaixonados. De como estar lá no dia a dia, estar presente em atos, dando forças é o que realmente importa. E que declarações sinceras e simples como a de Murray a seguir é que de fato contam. Não as exaustivas declarações ultrarromânticas do Instagram.

Em que Murray diz a seguinte declaração:

“A última novidade é que, com a ajuda de todas as teorias avançadas da ciência, incluindo as  avançadas sociologia, economia (austríaco), psicologia, tanto a Freudiana quanto a Junguiana, com uma pitada de Dale Carnegie, a matemática avançada, com Lagrange e suas integrais e Dave Hilbert e seus espaços – para não falar dos números infinitos de Cantor, a antropologia cultural, onde eu fui capaz de comandar os trabalhos de Benedict e Mead e um esquadrão de campo entre os zulus; a história, a filosofia e a arqueologia – combinando e sintetizando todas essas ciências, eu digo que eu sou capaz de chegar a uma conclusão definitiva, i.e., de que você é absolutamente a garota mais magnífica da geração atual! Apurar como você se classifica entre as gerações passadas exigirá, é claro, muito mais pesquisa científica; e compará-la às futuras gerações está, infelizmente, além do escopo do presente estado de nosso conhecimento científico. A conclusão acima, no entanto, foi estabelecida além de qualquer questão e pode, como hipótese de trabalho, ser tomada como uma verdade eterna. Com amor, Murray.”

É este tipo de amor que é o real, o verdadeiro. O amor cotidiano. Em que problemas e visões diferentes não contaminam a admiração mútua porque queremos do outro aquilo que ele de fato é e não o que os nossos egos narcisistas – e nossa visão contaminada pelo pós modernismo vigente ou pela revolta contra tal que nos torna engessados num amor idealizado em que não há brigas, não há discordâncias e o outro tem sempre que se submeter ao nosso desejo – foram ensinados a querer.

Escrito por Larissa Guimarães. 

Revisão por Bruno Cavalcante.

Greve dos caminhoneiros: Uma pequena demonstração da utopia do controle estatal

Um ponto marcante do livro Economia Básica de Thomas Sowell é a ênfase que ele sempre dá ao tratar dos diversos tipos de sistemas econômicos. O ponto inicial ao analisar qualquer sistema é saber que a escassez estará presente em todos eles, a diferença  é justamente como cada um lida com a escassez.

O sistema de mercado aloca recursos de forma bottom-up e cria incentivos para que o planejamento descentralizado evite flutuações generalizadas. Sistemas estatistas fazem alocações top-down, através de mandatos coercitivos. Independente de como se aloque 10 maçãs para 11 pessoas, alguém sempre ficará sem. Como as decisões são centralizadas, as flutuações generalizadas são uma consequência.

A diferença essencial entre distribuição de bens de consumo e bens de capital se dá pela função de cada um desses recursos no sistema produtivo: bens de consumo estão no fim da sua cadeia produtiva, o impacto de uma má alocação é ruim mas a recuperação pode ser rápida se os preços flutuarem livremente; bens de capital estão no início – caso haja uma boa alocação do bem de capital, seus frutos serão os maiores possíveis, caso não haja, haverá uma riqueza inferior em relação àquela que poderia ser realizada – o impacto dessa má alocação é o aumento da pobreza e até a morte de inocentes. Desta forma, o modo no qual os recursos são alocados está diretamente ligado com a sobrevivência da nossa espécie e a qualidade de vida que deixaremos aos nossos filhos e amigos.

Não é novidade que o estado de bem estar social tenta ignorar a escassez. Quando bancos imprimem dinheiro a torto e a direito, eles nos mostram a seguinte mensagem “Escassez não existe se eu posso ‘criar’ recursos”. Mas existe uma mensagem que só uma situação de crise como esta que está acontecendo pode demonstrar: O estado de bem estar social criou a ilusão de que somos alheios à lei natural.

Gustave Le Bon, em “La psychologie des foules”, afirma que ‘nós temos a falsa sensação de sermos mais evoluídos do que realmente somos’ e refere a nós como o ser primitivo que ainda somos. Como todo determinista, ele pega a essência animal do homem e a expõe de maneira chagásica, rompante. Apesar de nossas discordâncias teóricas escancaradas, eu o quis citar para embasar a noção que hoje pude perceber de maneira mais profunda que nós humanos tentamos ignorar nosso instinto animal. E, eu vejo na gênese do estado a grande gênese dessa abstração de nossa própria natureza. Não somos apenas animais como Le Bom acredita, mas estamos submetidos às leis naturais. Leia mais

O bebê Alfie: a vítima mais recente do governo onipotente

Alfie Evans, um bebê de 23 meses, faleceu num hospital britânico no sábado. Embora a causa oficial da morte seja uma doença encefálica degenerativa, Alfie pode ter sido assassinado pelo sistema de saúde britânico e a suprema corte britânica. Os médicos do hospital que tratava Alfie decidiram remover o seu suporte de vida, contra a vontade dos pais de Alfie. A suprema corte não apenas apoiou a autoridade dos médicos, anulando a vontade dos pais, como também se recusou a permitir que os pais levassem Alfie para o exterior para tratamento.

Ao apoiar a autoridade governamental para substituir seu julgamento pelo dos pais de Alfie, a suprema corte está seguindo os passos de autoritários ao longo da história. Desde Platão, apoiadores de estados fortes têm buscado dar ao governo a responsabilidade pela criação das crianças. O autoritarismo de um sistema onde “especialistas” podem sobrepor os pais é enfatizado por um alerta policial de que eles estavam monitorando as publicações a respeito de Alfie nas redes sociais.

O caso de Alfie não é apenas um exemplo dos perigos de permitir que o governo usurpe a autoridade parental ou das falhas da medicina socializada. Ele mostra o resultado lógico de uma aceitação difundida da ideia de que direitos são meros privilégios concedidos pelo governo. E segue da ideia de que direitos podem ser tomados quando for demandado pelos oficiais governamentais ou pela vontade da população. Leia mais

O falho argumento moral do salário mínimo

Com o Dia do Trabalho chegando, os jornais de todo os EUA irão imprimir artigos de opinião pedindo por um “salário mínimo” obrigatório e salários mais altos no geral. Em vários casos, os militantes a favor do salário mínimo argumentam por leis explícitas sobre salários, isto é, um salário mínimo estabelecido em um nível arbitrário determinado por legisladores em um nível que faça com que moradia, alimentação e cuidados de saúde sejam “acessíveis”. Leia mais

Simplificando o Homeschooling

Para a grande maioria da população, o Homeschooling (ensino domiciliar) é algo tão estranho e tão radical que sequer é cogitado como uma possibilidade, quiçá como algo que possa ser viável e benéfico. Apesar de ter relevância estatística ainda muito pequena em termos da porcentagem da população que o pratica e/ou advoga, o Homeschooling tem crescido em visibilidade no Brasil. Do ponto de vista mais prático, esse crescimento, ainda que bastante perceptível, ainda esbarra em diversos obstáculos como, por exemplo, a escassez de recursos pedagógicos, a falta de uma cultura e de uma mentalidade favoráveis ao Homeschooling, e até mesmo nas questões legais ou em sua interpretação equivocada. Seria uma tarefa hercúlea tentar escrever algo abrangente e detalhado sobre Homeschooling em formato de artigo. Assim sendo, o objetivo desse artigo é tentar esclarecer os pontos que são mais frequentemente distorcidos ou causa de confusão. Leia mais

O que o Tio Sam, as Mídias de Massa e Wall Street não querem que você saiba

[N.R.: Esse artigo é o capítulo 2 do livro “Crash Proof – How to profit from the coming economic collapse”]

Um pouco de dissimulação de vez em quando por parte de nossos líderes é algo que provavelmente deveríamos aprender a aceitar, a fim de que os nativos não fiquem desnecessariamente inquietos, mas é outra coisa – e para minha mente – é francamente indesculpável ter informações econômicas vitais rotineiramente e descaradamente deturpadas.

As estatísticas econômicas publicadas pelo governo dos EUA são propaganda, pura e simples. Emitidas por agências governamentais, interpretadas por porta-vozes do governo e da comunidade financeira, e relatadas pela mídia de massa, a informação que recebemos foi manipulada para moldar um entendimento público favorável à agenda dos detentores de poder. Leia mais

O Patinho Feio da Liberdade: Um Novo Olhar Sobre a Propriedade da Terra

PROPRIEDADE SOBRE A TERRA tem sido um problema para liberais clássicos e libertários, senão, para alguns destes, uma fonte de constrangimento. Desde a época de Henry George, há mais de um século, foi acusada muitas vezes como a única instância em economia onde há verdadeiramente um almoço grátis – os proprietários de terras desfrutando um free ride ao coletar rendas por nada fazerem. Isso, se verdadeiro, carrega mais vestígios de um fenômeno político do que de livre mercado – de privilégio ao invés de propriedade.

Ainda assim, falamos em “propriedade” da terra e a compramos e vendemos livremente. O que é ela, então? É uma criatura artificial do estado, uma forma de privilégio imposto, como as licenças de táxi na cidade de Nova York? Ou é propriedade autêntica, uma instituição social anterior e independente de todos os estatutos? Os liberais clássicos tradicionalmente se opõem aos privilégios e defendem a propriedade. No entanto, dada essa ambiguidade, não é de admirar que, com algumas notáveis exceções, eles tiveram pouco a dizer a respeito da propriedade sobre a terra?[1][2] Para ajudar a remediar esta falta de atenção e, com sorte, encorajar os estudiosos a examinarem novamente a propriedade sobre a terra, vou rever algumas razões históricas da sua pobre reputação e, em seguida, ponderar algumas maneiras de pensar a respeito da propriedade sobre a terra que podem ser mais frutíferas.

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A utopia da liberdade: cartas aos socialistas

 

Esta é a tradução de um texto originalmente publicado no Journal des Économistes, vol. 20, no. 82, de 15 de junho de 1848. Todas as notas do texto são de Roderick Long.

 

***


Nós somos adversários, contudo buscamos o mesmo objetivo. Qual é o objetivo comum dos economistas e socialistas? Não é uma sociedade em que a produção de todos os bens necessários à manutenção e ao embelezamento da vida seja tão abundante quanto possível, e em que a distribuição desses mesmos bens entre aqueles que os criaram através do trabalho seja tão justa quanto possível? Não pode o nosso ideal comum, à parte de todas as distinções de escolas, ser resumido nessas duas palavras: abundância e justiça? Leia mais

Amadurecendo com Murray

A primeira vez que encontrei Murray Rothbard foi no verão de 1985. Eu tinha 35 anos e Murray tinha 59. Durante os próximos dez anos, até a morte prematura de Murray em 1995, eu estaria associado a Murray, primeiro em Nova York e em Las Vegas, na UNLV, em contato mais próximo, imediato e direto do que qualquer outro, exceto sua esposa Joey, é claro.

Tendo agora quase a mesma idade que Murray tinha no momento da sua morte, pensei que era apropriado usar essa ocasião para falar e refletir um pouco sobre o que aprendi durante meus dez anos com Murray.

Eu já era um adulto quando conheci Murray, não apenas no sentido biológico, mas também mental e intelectual, e, no entanto, eu só amadureci quando associado a ele – e eu quero falar sobre essa experiência. Leia mais

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