Em todo o Estados Unidos, nós celebramos o Dia do Trabalho, um dia dedicado às glórias do trabalhador americano. É o trabalhador americano que é dito o responsável por nosso ótimo padrão de vida e pelo sucesso do sonho americano. Esse argumento é falho.

Por 10 mil anos, dos antigos sumérios até a Revolução Industrial, o trabalho era a chave para a organização econômica. Agricultura era a atividade econômica primária e era baseada no trabalho árduo. Um humano com nenhum capital teria que fazer um buraco no chão com seu dedo e deixar uma semente.

A mudança de usar gravetos para abrir buracos foi um exemplo do desenvolvimento do capital. Trocar isso por arados de metal é uma mudança imensa e uma totalmente baseada em capital. O desenvolvimento de uma coleira de cavalo – um pedaço de capital – permitiu um grande aumento da produção agrícola. Literalmente todo o trabalho do mundo mal pode aumentar o suprimento de comida, mas simples melhorias do capital levam a um aumento substancial na produção agrícola.

Em um mundo baseado no trabalho, caçar animais era uma atividade precária já que animais frequentemente possuíam armas melhores que os humanos tinham. Um humano de mãos vazias não é páreo para um búfalo. Na verdade, um humano deixado com suas mãos vazias e sua própria esperteza, raramente vai capturar até mesmo um coelho. O desenvolvimento das armadilhas para animais foi uma melhoria que permitiu um pequeno jogo para capturar com risco mínimo ao capturador. O uso de lanças foi outra melhoria de capital, permitindo que um grupo de homens caçasse com sucesso animais maiores. A invenção de armas de fogo permitiu ao homem matar até mesmo o maior dos jogos a longa distância.

Em um mundo baseado no trabalho, comércio entre regiões exigia que muitos homens levassem semanas, meses, ou mesmo anos para atravessar áreas montanhosas ou nevadas. No entanto, essa mão-de-obra excruciante terminava apenas com pequenas quantidades de comércio, já que os comerciantes – limitados por sua própria força e por sua capacidade de transportar alimentos e controlar animais de carga – só podiam controlar com segurança e eficácia uma pequena quantidade de mercadorias, muitas vezes não mais que  algumas centenas de libras.

Em nosso mundo baseado em capital, o comércio é feito com caminhões interestaduais, aviões e navios enormes com porões de carga de várias toneladas.  De fato, é provável que mais comércio ocorra em um único dia em nosso mundo baseado em capital do que em qualquer ano, em qualquer década ou possivelmente em qualquer século antes da Renascença.

Um voo de várias horas entre Nova York e Londres substitui uma viagem de várias semanas a bordo de um navio – uma viagem que pode tanto resultar na morte quanto numa chegada segura à cidade de destino. E o próprio navio havia feito a viagem pelo menos possível, mudando-a de uma impossibilidade em um mundo baseado exclusivamente no trabalho humano. (Imagine nadar através do Oceano Atlântico!) Uma mensagem que levou dias aos cavaleiros da Pony Express ao ir de St. Louis a São Francisco agora é tratada instantaneamente via computadores e e-mail. Hoje, desfrutamos de luxos inimagináveis ​​há 200 anos, muito menos há 2000 anos atrás. Nós dirigimos automóveis e temos ar condicionado em nossas casas. Usamos luzes elétricas e produzimos grampeadores em massa. Nós assistimos televisão. Livros que antes precisavam ser meticulosamente reproduzidos um de cada vez – com mão-de-obra – agora são reproduzidos em milhares de impressoras ou mesmo em fotocopiadoras. Hoje, você pode ler isso da internet e imprimir em uma impressora doméstica.

Nós somos abençoados por viver neste tempo e lugar, já que o Sonho Americano está realmente ao nosso alcance. É claro que o sonho em si é tão distante quanto sempre foi. Só que a expansão do capital nos permite chegar lá mais rápido e mais fácil do que nunca. Chegou a hora de encerrarmos essa celebração errônea do dia do trabalho e reconhecermos o que realmente torna nossa vida mais fácil: o capital.

Feliz dia do capital!

Artigo Original

Tradução de Larissa Guimarães

Revisão por Alexandre Coutinho 

Scott A. Kjar

PhD em economia em Auburn, Kjar é o atual conselheiro político do Heartland Institute. Estudou na UNLV sob tutoria de Murray Rothbard, foi editor de seus livros e foi professor universitário em diversas instituições.