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O SUS é inimigo da filantropia

A palavra Filantropia deriva do grego ‘philanthropia’ e significa ‘amor ao homem’, mas também pode ser entendida como ‘amor à humanidade’. É por meio da filantropia que membros da nossa sociedade podem se dedicar à caridade, doando desde seu tempo e atenção até seu dinheiro. Pode-se dizer que é pela caridade que se manifesta o amor mais sincero pelo próximo, pois é por ela que grandes feitos são alcançados. Exemplo disso é a história da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo ou Santa Casa de São Paulo, como é conhecida. 

Fundada há mais de 400 anos, a Santa Casa de São Paulo tem papéis importantes em vários setores da história da medicina no Brasil. Foi graças ao filantropo Roberto Simonsen que, sensibilizado pela doença do seu filho, Fernandinho Simonsen, contribuiu financeiramente para a iniciativa da Santa Casa de criar o primeiro hospital de atendimento exclusivamente ortopédico do Brasil, o que, mais tarde, se tornaria o berço da Ortopedia no país. Lá foi criado o Pavilhão Fernandinho Simonsen, que se estabeleceu como a melhor instalação médica da época e também como o primeiro hospital dedicado exclusivamente às afecções ortopédicas na América Latina. Ali se instalaram importantes instituições como a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, a Cadeira de Ortopedia da Faculdade de Medicina da USP, a Cadeira de Ortopedia da Escola Paulista de Medicina, e, atualmente, a Cadeira de Ortopedia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Precisa ficar claro que sem as Santas Casas seria impossível o governo prover atendimento para a população, pois os municípios e estados não possuem dinheiro suficiente para construir hospitais desse porte. Seriam necessários investimentos vultosos da ordem de milhões de Reais, não apenas para as edificações em si, como também para adquirir e manter equipamentos, insumos e mão de obra de médicos, enfermeiros, recepcionistas, auxiliares, copeiros, faxineiros e zeladores que seriam necessários para manter o bom funcionamento da instituição, sem mencionar os terceirizados. Apenas o setor privado tem aporte financeiro para este tipo de projeto e é aí que entram os filantropos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, as Santas Casas correspondem a um pouco mais de 51% de todos os atendimentos a usuários do SUS, o que, por si só, já demonstra a importância da filantropia para a sustentação do que é o SUS. Apesar de haver mais de 2 mil instituições similares à Santa Casa de São Paulo, muitas, mesmo com a ação da filantropia, estão definhando. A prova disso são os fechamentos constantes dessas instituições que foram completamente vilipendiadas pela incompetência estatal de administrar recursos. 

Graças às sucessivas interferências do estado na administração das Santas Casas, a caridade já não é mais suficiente para suprir a demanda do SUS. Mas como é possível que as Santas Casas, ainda assim, atendam mais de 51% dos casos do SUS “de graça”? Em primeiro lugar, a tabela de valores do SUS está incrivelmente defasada, sendo assim, o repasse pelos atendimentos mal cobre os gastos com os pacientes. Prova disso é que a Santa Casa de São Paulo criou o Hospital Santa Isabel com o intuito de utilizar o dinheiro dos atendimentos a pacientes por convênio e particulares para cobrir parte das suas dívidas. Em segundo lugar, existe um problema que acomete todas as instituições que o estado se mete a administrar, interferir e regulamentar, chamado corrupção. 

O desvio de verbas dentro desse sistema é monstruoso, o governo federal alega que não pode fiscalizar as Santas Casas, pois este seria um trabalho dos estados e municípios. Quando fazemos um breve levantamento das dívidas das Santas Casas podemos facilmente verificar que o dinheiro escoa por licitações e superfaturamentos. Em muitos casos, a intervenção do estado e da prefeitura acontece em momentos delicados para essas instituições, sempre sob a alegação de que a Associação Beneficente da instituição não faz um bom trabalho administrando os próprios recursos. Não para a nossa surpresa, o problema das dívidas se agrava após as intervenções, muitas vezes, sendo a dívida multiplicada por dez, vinte vezes o seu valor. 

Em 2014, a Santa Casa de São Paulo chegou a interromper os atendimentos de emergência por falta de dinheiro. Em uma cidade com aproximadamente 20 milhões de habitantes, contando com a região metropolitana, essa carência por serviços de saúde tem um impacto muito grande na sociedade. Além disso, quem circula pelas imediações da Santa Casa pode ver ambulâncias de Santas Casas de outros estados, o que significa que a instituição não atende apenas as pessoas da cidade, mas também presta atendimento aos estados vizinhos. Isto é, com recursos da filantropia, a Santa Casa também presta atendimento às pessoas de outros estados porque, muito provavelmente, a Santa Casa daquele lugar, se já não fechou, está falida e com suas contas no vermelho há muitos anos. O que sobra é recorrer à caridade do vizinho que, na maioria dos casos, faz o que pode.

O SUS não foi a primeira empreitada fracassada do Brasil na área da saúde. Já existiram o INPS (Instituto Nacional da Previdência Social) e o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) e que depois se transformou em INSS (instituto Nacional da Seguridade Social). O Brasil tem muita vocação para criar nomes diferentes para os mesmos fracassos, muda o nome e mantém a estrutura coletivista, com cara de caridade e com alma de golpe digno das maiores pirâmides financeiras. Pelo menos na época do INAMPS a estrutura era modesta e o estado não escondia a sua incapacidade de produzir algo de valor, pois apesar de possuir estabelecimentos próprios, os procedimentos eram realizados pela iniciativa privada. Então, em 1988, nasceu essa aberração que é o SUS: um sistema com uma propaganda regada com o infinito dinheiro do trabalhador que paga a “contribuição” mesmo já pagando planos de saúde caros que, pasmem, são de péssima qualidade porque são regulamentados pela mesma entidade que está matando as Santas Casas: o estado. Logo, como o SUS poderia dar certo se várias tentativas menos ambiciosas já tinham dado errado no passado?

Apenas recapitulando, há quase quinhentos anos, em 1543, surgia a Santa Casa de Santos, e, logo em seguida, em 1562, surge o primeiro registro da existência da Confraria de Misericórdia da Vila de São Paulo, que viria a se tornar a Santa Casa de São Paulo. Então, como instituições com mais de 400 anos de caridade e inúmeros projetos bem sucedidos podem entrar em processo de falência e acumular dívidas com valores estratosféricos com apenas 33 anos de existência do SUS? O que foi que deu errado nesses 33 anos em que o estado se meteu a fazer a caridade que já vinha sendo feita com tanta maestria pelo setor privado? Será que o estado viu no dinheiro da filantropia uma forma de enriquecimento fácil? Cria-se uma estrutura monstruosa e incapaz de se autogerir, com falhas enormes por onde escoa o dinheiro limpo da filantropia sem que a população se dê conta, pois, afinal, as Santas Casas continuam dando um jeito de atender os enfermos e necessitados que procuram por tratamento. Por que não fazemos, de uma vez por todas, o exercício de obrigar que o SUS retire seus tentáculos putrefatos da filantropia antes que esta morra por falta de atendimento? 

Imagine ser um filantropo no Brasil. Agora, imagine ter dinheiro para investir em hospitais que podem prestar atendimento para mais da metade da demanda do sistema público de saúde e ser constantemente repelido pela ideia de corrupção que assola a filantropia por meio do SUS. No final das contas, o benefício das isenções fiscais não parecem tão atraentes para um filantropo, e inclusive pode ser cada vez mais difícil encorajar que outros filantropos participem ativamente, como na época em que Roberto Simonsen apoiou o projeto da Santa Casa de São Paulo. Não é possível tratar-se apenas de coincidência, pois as Santas Casas atravessaram mais de quatro séculos com saúde financeira e, nos 45 minutos do segundo tempo, quando o estado resolve entrar no jogo, sob o argumento de ajudar a levar saúde de forma universal para todos os brasileiros, começa uma quebradeira desenfreada envolvendo o projeto mais belo, que retrata a bondade, a dedicação, a necessidade de ajudar o próximo por meio da filantropia.

A caridade, que não enxerga muros, barreiras e proibições, que cruza oceanos e que enfrenta pragas e todo tipo de intempérie para levar aos necessitados uma amostra de bondade, que leva esperança para as pessoas mais frágeis e muitas vezes as mais negligenciadas da nossa sociedade. A caridade, aquela que viveu muito bem por quase 500 anos e que começou a sucumbir por uma morte lenta e dolorosa quando o estado se apossou das suas virtudes. O estado, essa entidade espúria, composta por burocratas demagogos, decrépitos e corruptos, que, por meio do SUS, sentenciou a filantropia do Brasil à morte lenta.

Revisado por Bruno Cavalcante e Daniel Claudino

Joey e Murray Rothbard: uma reflexão sobre o amor

[Esse texto é dedicado em respeito às pessoas que estiveram comigo ao longo da minha caminhada e que me ajudaram a me tornar a pessoa que hoje eu sou. Um agradecimento. E um desejo que estejam bem da forma que for. Relacionamentos saudáveis sempre vão edificar ambas as pessoas. Meu desejo com este texto é que as pessoas busquem, cada vez mais, relacionamentos edificantes ao longo de suas próprias jornadas e repensem uma vida cheia de relações superficiais e que não trazem construções. Todavia, não desejo que você sinta ódio dos relacionamentos que não foram tão proveitosos. Use-os para tirar um aprendizado. Experiências ruins nos tornam mais fortes e nos trazem aquilo que não desejamos repetir nem conosco nem com o outro.]

Uma reflexão do amor nos tempos modernos

O amor nos tempos modernos é quase sempre motivo de chacota e de superficialidade. Nunca exploramos o íntimo de quem está conosco devido ao medo que intimamente temos de ter nossas próprias profundezas averiguadas. Sempre evitamos aquelas pessoas que nos afetam diretamente. Sempre fugimos de nos comprometermos. De estarmos juntos de fato com as pessoas. Querem desconstruir aquilo que chamam de “amor romântico”, mas o fazem sem perceber que amor – de fato – está nas pequenas coisas cotidianas. As pessoas não se apaixonam por um grande buquê de flores em meio a um público atento – ainda que algumas pessoas gostem deste tipo de homenagem. As pessoas se apaixonam por te ver cozinhando com elas um simples macarrão ou discutindo uma certa questão no jantar. Por um simples olhar ou maneira de sorrir.

O pós modernismo retirou a ideia completa do amor de nossas cabeças e trouxe uma ideia tóxica e narcisista de que o outro está ali pra nos satisfazer em nossos desejos. Desejos estes tão superficiais quanto os nossos relacionamentos. Não se quer mais o outro mas sim a ideia pré concebida do que achamos correto no outro. E o impomos à eles nossas vontades, que não são de fato uma vontade íntima, mas sim, uma vontade imposta à nós como aquela que é benéfica na concepção pós moderna. Assim nascem os relacionamentos tóxicos que vemos cada vez mais proliferar e que podem se tornar até mesmo um relacionamento “abusivo” com agressões de ambas as partes. Essa é a cereja do bolo do duplipensar moderno: dizem atacar estes relacionamentos ao mesmo tempo que os constroem por meio da difusão de egos narcísicos.

O pós modernismo age sob a mulher de maneira ainda mais incidente. Perdemos o sentido, buscamos ele em coisas, numa rotina incansável de procurar algo que nos preencha. As bases morais desabam em nossos pés e nos é cobrado que além de ter uma família, sejamos independentes, livres. A falsa liberdade pós moderna que só traz mais grilhões. E nos amarramos cada vez mais em nossas próprias ataduras. “Preciso ser livre”: passamos a adolescência ouvindo isso, mas ao mesmo tempo, precisamos ser mulheres perfeitas. É uma dicotomia de valores que se embatem entre si. O feminismo envenena nos dizendo sejas livre, embata a “cortina conservadora”. Cria laços e relacionamentos líquidos. Que não duram. Vivemos em busca de um prazer desenfreado, desenlaçado e você não pode sofrer os lutos da perda. Mulher feliz, independente é aquela que na semana seguinte a um término já está curtindo a vida. Não se pode viver o luto. Viver o luto é ser dependente. E a pressão pós moderna para sermos independentes nos esmaga contra nossos próprios sentimentos. E você se vê cada vez mais se metendo em relacionamentos realmente “abusivos” porque não houve o crivo da seleção do homem valoroso. Como você precisa se preencher de “independência”, de “fortaleza”.

Mas a mulher é naturalmente mais sensível. Só que o feminismo da escola nos ensinou que demonstrar sensibilidade é demonstrar fraqueza. E a mulher não pode se mostrar fraca. Não pode querer segurança. Ela tem que criar um muro de falsa segurança da independência que o feminismo supostamente nos deu. E vemos o vazio. Encaramos o vazio. E cada vez mais o silêncio. Não o silêncio reflexivo. Mas o silêncio ensurdecedor. O choro engolido. A constante sensação de pisar em ovos, em nuvens. Sem fortaleza. Sem homens que demonstrem segurança porque a eles também foi ensinado que isso é *machismo*. E que eles deviam buscar mulheres independentes. Que não precisavam deles pra nada. E o fruto disso são mulheres histéricas que se tornarão abusivas emocionais. Já que normalmente a mulher trabalha de forma mais emocional, elas se tornam mulheres que vão sugar toda a sua energia em discussões infindas com pratos voadores.

Ainda que haja a responsabilidade individual e a história própria de cada uma, algumas com históricos horríveis de fato de abuso sexual e outras coisas que podem refletir em personalidades ainda mais emocionais, é impossível negar este elo entre a histeria atual e as construções pós modernas. Percebam que em momento algum eu me isento aqui de também ser abusiva certos tempos. Nasci em meio a geração millenial. Obviamente que tenho comportamentos que me arrependo e que busco evoluir. E o meu texto é um conselho próprio também, baseado em minhas próprias conclusões de leitura.

O homem também foi preenchido de vazio. De liquidez. Quase gasoso. Porque ele tem a necessidade de parecer importante para alguém, de parecer fortaleza para alguém. É natural da espécie humana. E com o vazio de sentido pós moderno  criamos os “fortinhos” masculinistas – que não percebem que eles são fruto do próprio feminismo na teoria da ferradura – e que baseiam sua fortaleza não em sua superioridade moral, não em sua intelectualidade, mas sim em sua quantidade de músculos, dinheiro e mulheres aos seus pés que obviamente rejeitou por ser superior – não nos esqueçamos do fato que eles costumam se relacionar a escondidas com estas pois não podem demonstrar inferioridade aos seus amigos machos “alpha” . E, que, amargurados em suas próprias decepções – porque também esperam da mulher a construção narcísica que criaram: A mulher “10/10”, dedicada ao lar e a família, que não é “interesseira”, que é submissa a vontade deles, ou isso ou aquilo *insira aqui alguma fala comum destes* – se tornam agressivos fisicamente já que essa é a forma maior de expressão masculina na espécie humana. Puro fruto do ego millenial descendente do vazio pós moderno que desenvolvem o discurso “mulher é merda” que não é nada original já que o vemos no lado feminista pelo discurso “todo homem é um estuprador”.

Também vemos crescer os submissos ao movimento feminista pós moderno. O típico feministo – ou como as próprias tendem a chamar: esquerdomacho –  que forçam algo falso para agradar. Geralmente este se comporta como se fosse isento de responsabilidade das expectativas que criam nas mulheres que se relaciona. O discurso já conhecido do amor livre e poliamor. Nada mais é do que reflexo de sua própria incapacidade de se tornar responsável por conquistar o sentimento no outro ao desenvolver inúmeras relações superficiais devido ao seu medo de ser tocado em sem âmbito profundo. Um medo millenial de ter sua base fraca transformada por um relacionamento profundo.

E estes grupos embatem entre si. Mulheres que olham ao seu redor e não veem um único homem que seja capaz de lhes dar segurança, apenas frouxos feministos e fortinhos masculinistas. E que não tem um homem se dedicar a elas e muito menos dar segurança. Mas também não aprenderam a se proteger porque não aprenderam segurança, aprenderam independência. E ao sofrerem violência, seja doméstica seja sexual, se encerram cada vez mais em si, em seu vazio. Porque ao falarem pra um homem ou ele vai a culpar – você desejou – ou ele vai se portar feito um frouxo. Não vai ter um homem para lhe oferecer proteção, pra punir o criminoso, nem tampouco sabem como poderiam fazê-lo. Ou então, essa mulher vai ser ensinada que somente ao lado de um monte de outras mulheres que também são “fracas”  podem falar.  E elas se baseiam numa falsa segurança de desafio e revolta ao homem. Porque ele a violentou. Quando na verdade foi um ser humano criminoso que merece punição. Mas não vai ter UM homem para lhe dizer isso. Porque se ele dizer, é *machismo*. É “mainsplaning”. É abuso. Mas o real abuso, a real violência permanece cerrada, escondida, em busca de um lugar seguro que não se encontra mais. E a única coisa que resta é o vazio. Que cada vez mais preenche os seres humanos. Fruto do pós modernismo. Que cada vez mais gera uma sociedade fraca. Suicida.

Mas, quem foi Joey Rothbard?

Nesta parte, vou utilizar o texto do próprio Mises Institute sobre a companheira de Murray N. Rothbard, há que eles – mais do que eu souberam quem foi Joey Rothbard:

“O Instituto Mises lamenta a morte de JoAnn Rothbard, esposa e colaboradora de Murray Rothbard por 42 anos, que morreu às 12h45 de 29 de outubro de 1999. Ela nasceu como JoAnn Beatrice Schumacher em 17 de setembro de 1928, em Harvey, Illinois, e foi criada no sul da Virgínia. Se casou com Murray em 16 de janeiro de 1953 em Nova York. Se formou na Universidade Summa Cum Laude em 1966 e fez seu mestrado em história na Universidade de Nova York em 1974. Editora do marido e sua conselheira mais próxima, ela era sua parceira em todos os aspectos da erudição e da vida. De fato, Murray descreveu-a como “o quadro indispensável”. Além de sua mentalidade acadêmica, ela foi uma anfitriã famosa do salão Rothbard nos anos 60 e 70, especialista em história e performance da ópera e grande amiga pessoal das principais figuras intelectuais da rightlib por muitos anos. Após a morte de Murray em 1995, ela trabalhou pelo florescimento da tradição rothbardiana, dando vários discursos nas conferências do Mises Institute. Por dois anos, ela ministrou um curso sobre Abraham Lincoln na Universidade Mises. Em janeiro de 1999, no quarto aniversário da morte de Murray, ela sofreu um grave derrame e, desde então, foi hospitalizada na Virgínia. Ela morreu de câncer e devido aos efeitos do derrame, e será enterrada ao lado de Murray, no sul da Virgínia. Um serviço memorial para JoAnn será realizado na Igreja Presbiteriana da Madison Avenue, 921 Madison Avenue, Nova York, às 2:00 pm, sábado, 26 de fevereiro de 2000, com uma recepção imediatamente após o andar de baixo no salão da paróquia…” [1]

Como podemos perceber, é imprescindível o fato de que Joey era de fato uma mulher valorosa. Teve uma vida acadêmica maravilhosa, uma carreira de dar inveja em qualquer feminista professora de história. Mas também dedicou-se a ajudar aquele que seria o seu amor e companheiro. Tanto em vida, quanto no pós mortem de Murray.

O amor entre o casal Rothbard

Na nota que se segue é possível perceber que eles eram um casal em que havia uma grande mulher que edificava um grande homem e vice-versa. Um casal dedicado a si mesmos em seus próprios valores e que partilhavam de uma grande sabedoria como esposos. Em que mesmo com o tempo, a admiração nunca deixou de crescer e que ainda que tenham começado pequenos, construíram em seu entorno uma fortaleza.

MINHA VISÃO DE MURRAY ROTHBARD por JoAnn Rothbard

Quando Murray estava na escola, ele sempre saía da aula de teatro, porque, como qualquer pessoa que esteja familiarizada com ele sabe, ele é um grande mau ator. Um ano ele descobriu que os dois papéis masculinos eram o príncipe jovem bonitão e o velho rei gordo. Ele também descobriu que era esperado que ele fizesse o papel do velho rei gordo. Então, isso o incomodou e ele começou uma campanha para conseguir o papel do príncipe jovem bonitão.

Havia duas razões para isso. Primeiro, a suposição de que ele seria o velho rei gordo em vez do príncipe jovem bonitão irritou-o. E, em segundo lugar, o príncipe jovem bonitão, em algum ponto da peça, beijou a mão da bela e jovem princesa e o papel dela era de uma garota por quem ele tinha uma queda. Ele estava determinado a beijar a mão dela. Tal rebuliço fez com que finalmente ele seja premiado com o papel do príncipe jovem bonitão. Então começaram os ensaios e as direções devastadoras: “Você pega a mão dela na palma da mão, ergue a mão dela, inclina e beija o seu próprio polegar.”

E assim a vida falhou para um menino cujos pais pensaram que estavam lhe dando um apelido escocês quando o chamaram de Murray. Mas agora ele fez sessenta e ele pode ter tido que beijar o próprio polegar naquele momento, mas ele sempre foi o príncipe jovem bonitão para mim.

Ele sempre foi muito entusiasmado no que era de seu interesse: jazz dos anos 20 e 30, igrejas barrocas alemãs e liberdade.

Mas muito antes de eu conhecer o jazz, ou a liberdade, e antes mesmo de ele conhecer as igrejas barrocas alemãs, eu me sentia atraída por sua inteligência e, especialmente, por seu senso de humor. Ele estava e está sempre pronto para rir. Trinta e cinco anos atrás, fomos castigados por rir na biblioteca da Universidade de Columbia. E recentemente, eu o encontrei em um cinema escuro, seguindo seu riso familiar.

Seu entusiasmo o conduziram por todo lugar no mapa – dos irmãos Marx aos beatos versus litúrgicos e, é claro, ao Instituto Ludwig von Mises. Nunca se sabe onde seu interesse vai pousar em seguida. Recentemente, acordei no meio da noite e Murray ficou encantado por ter alguém para contar a sua mais nova descoberta: “Aquele desgraçado do Eli Whitney não inventou o descaroçador de algodão afinal”.

Logo, espero que ele tenha muito mais tempo para se entregar ao riso e ao entusiasmo, e que, aos sessenta anos, ele esteja apenas no meio de sua vida, ou como sua avó diria, bis ein hundert und zwanzig: [até os cento e vinte].

Uma pequena nota de como os detalhes importam na vida de um casal e que são estes – não as coisas que esperamos do outro – que nos tornam apaixonados. De como estar lá no dia a dia, estar presente em atos, dando forças é o que realmente importa. E que declarações sinceras e simples como a de Murray a seguir é que de fato contam. Não as exaustivas declarações ultrarromânticas do Instagram.

Em que Murray diz a seguinte declaração:

“A última novidade é que, com a ajuda de todas as teorias avançadas da ciência, incluindo as  avançadas sociologia, economia (austríaco), psicologia, tanto a Freudiana quanto a Junguiana, com uma pitada de Dale Carnegie, a matemática avançada, com Lagrange e suas integrais e Dave Hilbert e seus espaços – para não falar dos números infinitos de Cantor, a antropologia cultural, onde eu fui capaz de comandar os trabalhos de Benedict e Mead e um esquadrão de campo entre os zulus; a história, a filosofia e a arqueologia – combinando e sintetizando todas essas ciências, eu digo que eu sou capaz de chegar a uma conclusão definitiva, i.e., de que você é absolutamente a garota mais magnífica da geração atual! Apurar como você se classifica entre as gerações passadas exigirá, é claro, muito mais pesquisa científica; e compará-la às futuras gerações está, infelizmente, além do escopo do presente estado de nosso conhecimento científico. A conclusão acima, no entanto, foi estabelecida além de qualquer questão e pode, como hipótese de trabalho, ser tomada como uma verdade eterna. Com amor, Murray.”

É este tipo de amor que é o real, o verdadeiro. O amor cotidiano. Em que problemas e visões diferentes não contaminam a admiração mútua porque queremos do outro aquilo que ele de fato é e não o que os nossos egos narcisistas – e nossa visão contaminada pelo pós modernismo vigente ou pela revolta contra tal que nos torna engessados num amor idealizado em que não há brigas, não há discordâncias e o outro tem sempre que se submeter ao nosso desejo – foram ensinados a querer.

Escrito por Larissa Guimarães. 

Revisão por Bruno Cavalcante.

Greve dos caminhoneiros: Uma pequena demonstração da utopia do controle estatal

Um ponto marcante do livro Economia Básica de Thomas Sowell é a ênfase que ele sempre dá ao tratar dos diversos tipos de sistemas econômicos. O ponto inicial ao analisar qualquer sistema é saber que a escassez estará presente em todos eles, a diferença  é justamente como cada um lida com a escassez.

O sistema de mercado aloca recursos de forma bottom-up e cria incentivos para que o planejamento descentralizado evite flutuações generalizadas. Sistemas estatistas fazem alocações top-down, através de mandatos coercitivos. Independente de como se aloque 10 maçãs para 11 pessoas, alguém sempre ficará sem. Como as decisões são centralizadas, as flutuações generalizadas são uma consequência.

A diferença essencial entre distribuição de bens de consumo e bens de capital se dá pela função de cada um desses recursos no sistema produtivo: bens de consumo estão no fim da sua cadeia produtiva, o impacto de uma má alocação é ruim mas a recuperação pode ser rápida se os preços flutuarem livremente; bens de capital estão no início – caso haja uma boa alocação do bem de capital, seus frutos serão os maiores possíveis, caso não haja, haverá uma riqueza inferior em relação àquela que poderia ser realizada – o impacto dessa má alocação é o aumento da pobreza e até a morte de inocentes. Desta forma, o modo no qual os recursos são alocados está diretamente ligado com a sobrevivência da nossa espécie e a qualidade de vida que deixaremos aos nossos filhos e amigos.

Não é novidade que o estado de bem estar social tenta ignorar a escassez. Quando bancos imprimem dinheiro a torto e a direito, eles nos mostram a seguinte mensagem “Escassez não existe se eu posso ‘criar’ recursos”. Mas existe uma mensagem que só uma situação de crise como esta que está acontecendo pode demonstrar: O estado de bem estar social criou a ilusão de que somos alheios à lei natural.

Gustave Le Bon, em “La psychologie des foules”, afirma que ‘nós temos a falsa sensação de sermos mais evoluídos do que realmente somos’ e refere a nós como o ser primitivo que ainda somos. Como todo determinista, ele pega a essência animal do homem e a expõe de maneira chagásica, rompante. Apesar de nossas discordâncias teóricas escancaradas, eu o quis citar para embasar a noção que hoje pude perceber de maneira mais profunda que nós humanos tentamos ignorar nosso instinto animal. E, eu vejo na gênese do estado a grande gênese dessa abstração de nossa própria natureza. Não somos apenas animais como Le Bom acredita, mas estamos submetidos às leis naturais. Leia mais

Simplificando o Homeschooling

Para a grande maioria da população, o Homeschooling (ensino domiciliar) é algo tão estranho e tão radical que sequer é cogitado como uma possibilidade, quiçá como algo que possa ser viável e benéfico. Apesar de ter relevância estatística ainda muito pequena em termos da porcentagem da população que o pratica e/ou advoga, o Homeschooling tem crescido em visibilidade no Brasil. Do ponto de vista mais prático, esse crescimento, ainda que bastante perceptível, ainda esbarra em diversos obstáculos como, por exemplo, a escassez de recursos pedagógicos, a falta de uma cultura e de uma mentalidade favoráveis ao Homeschooling, e até mesmo nas questões legais ou em sua interpretação equivocada. Seria uma tarefa hercúlea tentar escrever algo abrangente e detalhado sobre Homeschooling em formato de artigo. Assim sendo, o objetivo desse artigo é tentar esclarecer os pontos que são mais frequentemente distorcidos ou causa de confusão. Leia mais

Reflexões sobre um relato de preferência temporal à médica

[Esse Relato de caso é baseado em uma história real em que o paciente infelizmente já faleceu]

Paciente, 58 anos, tumor metastático de fígado. Etilista – i.e. usuário de álcool –  há 37 anos, parou há 7 meses. Tabagista há 20 anos, também parou há 7 meses. Numa bela tarde de sábado, o encontro dormindo em seu leito. Há vários dias o encontro assim: prostrado. O estado geral há muito está ruim, com prognóstico terminal. O acordo para fazer a evolução de sempre “Como foi o dia? Sentiu dor? Náusea? Teve febre?” Todas aquelas infinitas perguntas pareceram inúteis ao olhar aqueles olhos amarelados. A pupila já havia perdido seu brilho. O tempo estava finito para aquele paciente. Eu não sabia quantos dias seriam. Mas nós dois sabíamos que não duraria muito o seu tempo aqui na Terra. Leia mais

O que de fato (não) é a corrupção

A definição

Para os entusiastas do estado não há a menor sombra de dúvida: a democracia é o ápice da civilização. Ela é um sistema perfeito em sua concepção. Apenas requer as instituições condizentes com sua natureza, ou seja, instituições perfeitas. E uma das razões de tal necessidade é uma ameaça, sempre iminente, prestes a atacar e colocar em risco a obra-prima da vida em sociedade: A corrupção. Leia mais

A economia dos ovos de Páscoa

Esta é uma daquelas épocas do ano onde várias pessoas deixam a inibição de lado e parecem querer mostrar com todo orgulho a dimensão de sua ignorância em assuntos de economia. Tão certo quanto o fato de quarenta dias após o Carnaval termos a Páscoa, é também o fato daquele parente, amigo, colega de trabalho/escola/faculdade ou de você mesmo tentar expor toda a ganância e perversidade de quem vende exatamente a mesma gramatura de um chocolate de uma barra, mas em formato de ovo, e cobra muito mais caro por isso.

Afinal de contas, de onde vem essa diferença? A resposta curta, porém não menos correta, é que as pessoas pagam por isso. De forma simplificada, os ovos de Páscoa são muito mais caros porque as pessoas os compram. Obviamente, vamos explorar a resposta mais longa e elaborada, do contrário, esse artigo acabaria aqui e você provavelmente não estaria muito convencido.

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