A Escola Austríaca de economia surgiu em oposição à Escola Historicista Alemã; e Carl Menger desenvolveu suas posições metodológicas em combate ao grupo rival. Assim, eu desejo primeiro discutir os ensinamentos filosóficos da Escola Historicista, uma vez que isso irá aprofundar nossa compreensão da contrastante posição austríaca.

Em seguida, eu irei examinar algumas das influências filosóficas dos fundadores da Escola Austríaca, em particular Franz Brentano e seus seguidores. Brentano foi o principal filósofo austríaco do fim do século XIX. Ele era a favor de um retorno a Aristóteles e eu irei enfatizar as raízes aristotélicas da Escola Austríaca.

Eugen Böhm-Bawerk, a segunda grande figura da Escola Austríaca depois de Menger, foi influenciado por uma escola de filosofia bem diferente, os nominalistas. Eu irei examinar brevemente sua ênfase em clareza conceitual.

Ludwig von Mises, o maior economista austríaco do século XX, se viu alvo de um ataque filosófico. O movimento do positivismo lógico colocou seu método dedutivo ou praxeológico sob severa análise. Os filósofos do Círculo de Viena argumentavam que a ciência é empírica. A dedução não pode nos dar novo conhecimento sobre o mundo sem o uso de premissas não-dedutivas. Nós examinaremos a força da crítica positivista.

Antes de iniciar a discussão sobre os austríacos, eu acho essencial notar que na história intelectual é normalmente muito difícil estabelecer quem influenciou um autor em particular. Frequentemente, é possível mostrar paralelos entre escolas de pensamento, mas exceto em casos especiais, não se consegue mais do que uma hipótese sugestiva. Se um autor declara diretamente que ele foi influenciado por alguém, obviamente que se pode ir além da adivinhação; mas, infelizmente, os pensadores que temos a considerar aqui foram raramente explícitos a respeito de suas fontes intelectuais. O relato apresentado abaixo aspira, na melhor das hipóteses, plausibilidade. Não podemos afirmar que determinada interpretação histórica pode ser de fato verdadeira.

A Escola Historicista Alemã

A Escola Historicista Alemã incluiu, entre outros, Adolf Wagener, Karl Knies e Gustav Schmoller. Apesar de a maioria das pessoas pensar nesse grupo como confinado ao século XIX, ele durou por muito mais tempo. Werner Sombart, o membro mais importante da Escola Historicista mais recente, morreu em 1939. Sombart, incidentalmente, era um conhecido de Mises e professor de Ludwig Lachmann. Outro economista, Othmar Spann, que era bastante simpático à Escola Historicista, viveu até 1951. Por um curto período, Spann foi professor de Friedrich Hayek, mas Hayek foi expulso do seminário de Spann.

Os pontos de vista da Escola Historicista em economia diferiam não apenas da Escola Austríaca, mas também da economia clássica. Os membros do grupo rejeitavam as leis da economia, mesmo princípios básicos tais como a lei da oferta e demanda. Eles consideravam a economia como uma disciplina histórica e prática.

Um pouco à maneira de Aristóteles, que caracterizava a economia como o estudo do gerenciamento do domicílio, eles pensavam em economia como a ciência do gerenciamento estatal. Aqui eles continuaram a tradição dos mercantilistas alemães dos séculos XVII e XVIII, os chamados Cameralistas. Eles eram menos interessados em teoria econômica do que no avanço do poder do estado, em particular do estado prussiano, ou, após 1871, do Império Alemão, do qual a Prússia era o principal constituinte.

Esses pontos de vista dificilmente soariam como se fossem baseados em filosofia. Entretanto, como me parece, fortes correntes filosóficas ajudaram a produzir as doutrinas características da Escola Historicista. Em particular, os membros desta escola foram influenciados, em certo grau, pelo mais influente e importante filósofo alemão do início do século XIX, G.W.F Hegel.

Hegel era bastante informado em economia. Ele leu cuidadosamente os economistas britânicos, incluindo Adam Smith; Sir James Steuart era um de seus favoritos. Ele não rejeitava o mercado: muito pelo contrário, ele achava que a propriedade e o direito de participar de trocas livres eram constituintes muito importantes de uma boa sociedade.[1]

Hegel considerava o essencial desenvolvimento de autonomia para cada indivíduo na sociedade; nesse respeito ele não divergiu de Immanuel Kant. Para se tornar auto-determinante, uma pessoa precisa ter propriedade, através do seu desenvolvimento, a sua personalidade tomará forma. Além disso, ela precisa tomar decisões. Trocas dão às pessoas as oportunidades que elas precisam. [2]

Entretanto, Hegel não pode ser considerado um apoiador do livre mercado, seja no completo sentido austríaco ou na forma mais atenuada da maioria dos economistas americanos. A liberdade de troca existe dentro da sociedade civil, mas a sociedade civil está sujeita ao controle do estado.

Ao elaborar o seu conceito de ordem adequada da sociedade, Hegel fez uso de uma das mais importantes de suas doutrinas filosóficas. O ponto de vista em questão influenciou os principais sucessores de Kant – Johann Fichte e Friedrich Schelling, bem como Hegel. Esta é normalmente chamada de doutrina das relações internas.

De acordo com esse princípio, tudo que existe está ligado em uma íntima unidade. Sendo mais preciso, se duas substâncias são relacionadas, nenhuma delas seria a mesma substância se a relação fosse alterada. A relação gera uma propriedade relacional que é parte da essência de seu possuidor. [3]

Um exemplo talvez tornará isso mais claro. Suponha que eu não conheço o presidente Bill Clinton. Se eu fosse conhecê-lo, eu continuaria a mesma pessoa. Ser conhecido de Bill Clinton não é parte da minha essência. Pelo menos é o que diz o senso comum.

O adepto das relações internas nega isso. Ele acha que todas as propriedades de uma entidade são essenciais a ela. Meu encontro com o presidente Clinton afeta cada uma das minhas outras propriedades. A pessoa que conheceu o presidente é uma pessoa diferente daquela que não o conheceu, independente do quão parecidos possam ser.

Ademais, as relações de cada substância cobrem todo o universo. Tudo está relacionado a todas as outras coisas.

A doutrina das relações internas tem drásticas consequências para a ciência. Uma vez que todas as coisas estão conectadas, conhecimento total de algo requer conhecimento de tudo. O método característico da economia procede pelo uso de teorias e modelos. Estes consideram um grupo particular de fatores em isolamento do resto do mundo.

Adeptos das relações internas consideram esse método ilegítimo. Considerar certos fatores separados de todo o resto é garantir um cenário falacioso. Ao invés disso, o economista deve chegar o mais próximo que puder do cenário total de tudo que é relacionado à economia.

Assim, a economia não deve ser separada drasticamente de outras disciplinas conectadas à sociedade. Ela deve ser estudada com história, ciência política, ética, etc. Cada sistema econômico existe como uma entidade concreta incorporada a uma sociedade particular. Não há leis econômicas universais, uma vez que elas pressupõem que a economia pode ser estudada separadamente do resto da sociedade. No máximo, leis econômicas estão confinadas a tipos particulares de sociedade.

A visão de que a economia está intimamente interconectada com outras instituições sociais é uma aplicação de uma categoria da lógica de Hegel: a unidade orgânica.[4] Em um animal, as partes funcionam em relação com as outras, subordinadas ao organismo como um todo. É exatamente dessa forma que a economia funciona, de acordo com a Escola Historicista.

De forma alguma Hegel pensava que a unidade orgânica fosse a mais alta categoria. Ela era, contudo, o mais longe que se podia chegar nas ciências. Apesar de eu ter concentrado a discussão na unidade orgânica em economia, Hegel aplicou essa noção extensamente em outras áreas. Em seu raramente estudado Filosofia da Natureza, Volume II da Enciclopédia, ele critica Sir Isaac Newton. Kant via Newton como o ideal de conhecimento na física; mas para Hegel, as teorias de Newton sofriam de um defeito fundamental. Newton separava drasticamente a física das outras áreas do conhecimento; seu sistema dependia apenas de um declarado conjunto de premissas. Pelo contrário, Hegel elogiava Johannes Kepler, que tentou colocar as leis da astronoma em correspondência com doutrinas místicas sobre os números.

Hegel tentou aplicar na prática o que ensinava na teoria. Em sua dissertação de doutorado, ele procurou mostrar que o número de planetas no sistema solar era necessariamente sete. O número de planetas simplesmente não era sete: o que contradizia a doutrina das relações internas. Logo após sua dissertação aparecer, outro planeta foi descoberto, o que deixou a situação ainda mais incômoda. Mesmo assim, Hegel nunca reformulou sua visão de que todas as relações são necessárias.

Entretanto, há outra parte da filosofia de Hegel que impede o caminho da ciência econômica. Uma vez que a economia e as outras ciências atuais são concebidas por meio de leis, elas se aplicam tanto no futuro quanto no passado. Por exemplo, de acordo com a lei da demanda, um aumento na quantidade demandada de uma mercadoria irá resultar em um aumento em seu preço, todo o resto constante. A lei não se aplica apenas a aumentos passados na demanda, mas também a futuros aumentos.

Hegel duvidava que o futuro fosse previsível, pelo menos em aspectos importantes. O filófoso pode apenas resumir o passado: ele não pode revelar o progresso futuro do espírito absoluto. Como em sua famosa fala no prefácio de Filosofia do Direito, “a Coruja de Minerva levanta voo apenas com a chegada do crepúsculo.”

Pode-se objetar que o próprio Hegel, mais claramente em Filosofia da História, tentou chegar a leis do desenvolvimento histórico. De fato, exatamente por essa razão, Karl Popper o estigmatizou como “historicista”.[5] Mas, de fato, sua visão da história concorda exatamente com o ceticismo sobre o futuro atribuído a ele.

A lei da história de Hegel como o crescimento da liberdade era uma descrição do passado. Ele não tentou prever desenvolvimentos futuros. Sem dúvida que se pode dizer que o futuro, qualquer que seja, será governado pelo Espírito do Mundo. É também verdade que o estágio final da dialética é a Ideia Absoluta atingindo a plena auto-consciência. Isso, contudo, não permite que certos padrões ou eventos sejam previstos.

O paralelo com a Escola Historicista aqui é aparente. Sombart e outros membros da Escola Historicista também tentaram elucidar os estágios do desenvolvimento histórico. Suas tentativas foram muito consistentes com a rejeição de leis universais.

O retrato do sistema de Hegel tentado aqui deve encontrar uma forte objeção. Dado que Hegel sustentava posições filosóficas, i.e., relações internas e a inabilidade de prever o futuro, que são hostis à ciência da economia, não segue que ele pensava que toda ciência fosse governada por tais premissas. Elas eram teorias filosóficas, não científicas.

É certamente correto que a filosofia de Hegel não é logicamente inconsistente com uma ciência da economia. Mas na extensão que essa filosofia chegou a circulação geral, suas premissas fundamentais tenderam a inibir o desenvolvimento da economia científica. A evidência para isso consiste nas distintas doutrinas da Escola Historicista e seus paralelos hegelianos. As críticas ao “método de isolamento” de Sombart e outros são particularmente sugestivas da doutrina das relações internas.

Uma interpretação potencialmente equivocada precisa ser notada. Eu não afirmo que membros da Escola Historicista se consideravam hegelianos. Após a morte de Hegel, em 1831, sua filosofia foi tomada por um eclipse. Mesmo assim, as premissas fundamentais de seu pensamento foram abrangentes na vida intelectual alemã.

Os paralelos entre Hegel e a Escola Historicista se estendem além da filosofia. Doutrinas econômicas específicas professadas pela escola ecoavam as visões de Hegel. Uma das críticas principais que a Escola Historicista direcionou ao capitalismo dizia respeito à agricultura. Devido à ênfase excessiva na eficiência econômica, os métodos tradicionais de agricultura estavam em perigo de cair em desuso. Por causa disso, a agricultura pode sofrer um declínio absoluto se a pressão do mercado induzir fazendeiros e trabalhadores a entrarem para a indústria.

Ganhos em eficiência eram de pouco interesse à Escola Historicista. Ao invés disso, a agricultura era para eles a espinha dorsal da sociedade e necessitava ser preservada. Exatamente a mesma posição encontrada em Filosofia do Direito de Hegel. A agricultura conta como um “patrimônio” que precisa ser protegido: ela recebe representação como um corpo corporativo na legislatura.

De forma mais geral, Hegel via o estado como o diretor da economia. A “sociedade civil”, apesar de não ser parte do estado, estava sob a sua autoridade. Permitir escopo irrestrito das supostas leis da economia clássica era subordinar uma entidade mais elevada, o estado, a uma mais baixa, a economia. Ao invés disso, a economia deveria ser manipulada para reforçar o poder do estado.

Não é acidente, sugiro eu, que a Escola Historicista era exatamente a favor das mesmas ideias. Mises, em Omnipotent Government, descreveu em detalhe a forma como os economistas alemães antes da Primeira Guerra Mundial advogavam o uso da economia como meio de avançar o poder do estado. O comércio não deve ser livre, mas controlado pelo estado para seus próprios propósitos.[6]

Franz Brentano

A Escola Austríaca colocava-se diametralmente oposta à Escola Historicista Alemã.[7] Em vista da vasta divergência em economia entre as duas escolas, pode-se esperar diferenças substanciais em suas bases filosóficas. Isto é exatamente o que se encontra. O principal filósofo que influenciou Carl Menger foi Franz Brentano. Ele resolutamente rejeitava a doutrina das relações internas, juntamente com o restante do sistema hegeliano.

Brentano, que era professor de filosofia na Universidade de Viena durante o fim do século XIX, era um colega e amigo de Menger. Brentano foi pela maior parte de sua vida um padre católico romano; mas após uma desavença teológica, ele abandonou a Igreja e foi forçado a resignar sua posição de professor.

Seu treinamento escolástico contribuiu para o seu forte interesse em Aristóteles. Ele tinha desdém por Kant e Hegel, que via como figuras retrógradas. Mais importante para o nosso presente propósito, ele rejeitava a doutrina das relações internas.

Ele não acreditava que tudo era tão internamente ligado com todo o resto que nada poderia ser estudado de forma separada. Muito pelo contrário, a mente era claramente separada do mundo externo. Ademais, Brentano estendeu sua abordagem analítica e separada à própria mente. Ele distinguia entre atos da consciência e seus objetos.

O estudo da mente de Brentano, Psychology from an Empirical Standpoint, foi provavelmente o seu trabalho filosófico mais famoso e faz uma contribuição vital ao entendimento da teoria austríaca do valor. Brentano aplicou sua noção geral de mente ao conceito de valor neste e em muitos outros trabalhos menores. Sua abordagem da mente desbancou a noção de comum mental predominante a quase todos os filósofos desde René Descartes. A posição a qual ele se opunha era especialmente característica dos empiricistas britânicos.

Filósofos como John Locke e David Hume pregavam que, de forma simples, ideias são imagens impressas na mente pelos objetos externos. Pelo menos enquanto recebe as impressões, a mente é passiva. Os empiricistas reconheciam poderes ativos da mente até certo ponto. Mas a fim de que os poderes ativos pudessem funcionar, a mente tinha que primeiro ter ideais impressas em si. (Ideias inatas são uma complicação que, para os nossos propósitos, podem ser ignoradas.)

O trabalho da mente na percepção, de acordo com Locke e Hume, era, em essência, automático. Se alguém avista um objeto particular, uma ideia entraria em sua mente. As várias ideias que se acumularam em sua mente são conectadas por leis de associação. Há pouquíssimo espaço para que a mente opere de forma autônoma. De fato, Hume negava que existia uma ideia separada de ser: tudo o que ele podia identificar era um fluxo de percepções.

Brentano rejeitava totalmente a posição esboçada acima. As “ideias” dos empiricistas, de fato, não designavam atividades mentais: pelo contrário, até o ponto em que existiam, elas eram objetos da atividade da mente. Se, por exemplo, eu penso em uma cadeira, minha ação mental não é uma imagem de uma cadeira que se encontra em minha mente. O que a minha mente faz é pensar em um objeto. Pensar é uma ação, como se fosse um “ato” mental. O termo de Brentano para ação mental era intencionalidade: seu famoso slogan era a “marca do mental”.

Em vista da importância da intencionalidade, arrisquemos elaborar uma opinião. Uma intenção é uma ação da mente exteriorizando ou alcançando um objeto: pode ser representada por um diagrama de uma seta indo da mente ao objeto.

Falando de “objeto”, eu sou responsável por uma ambiguidade. Um objeto de uma intenção pode ser um objeto mental, e.g., as ideias dos empiricistas, ou um objeto físico. O ato intencional se estende “para fora” da mente a fim de fazer contato direto com o mundo real? Essa é uma questão difícil de responder, uma vez que o sistema de Brentano é um tanto obscuro nesse ponto.[8]

Menger e Böhm-Bawerk

Menger aplicou o conceito de intencionalidade ao valor econômico. Ele não tomou valor como sendo um sentimento de prazer ou dor que automaticamente vinha à mente quando se percebe um objeto. Muito pelo contrário, uma preferência no sistema de Menger é um julgamento: eu gosto de X (ou desgosto de X). O julgamento em questão é um ato de preferência: assim como a intencionalidade do pensamento compreende um objeto, também um julgamento de preferência se “move” rumo a um fim. Em termos ligeiramente diferentes, preferir algo é avaliá-lo: posicioná-lo em sua escala de valores.

Em contrapartida, William Stanley Jevons tinha uma noção de valor totalmente diferente. Ele igualava valor com utilidade ou prazer, mensurável em unidades. Ele pensava que um objeto criava um certo número de unidades de satisfação na mente de uma pessoa quando ela atingia a forma apropriada de contato com o objeto. A pessoa como tal realmente tem muito pouco a ver com relação à avaliação. Qualquer coisa que criasse mais unidades de satisfação, uma questão estritamente objetiva, era ipso facto a coisa mais valiosa.

A história da economia convencional classifica Jevons e Menger juntamente com Léon Walras como os co-criadores da “revolução subjetivista”. Mas, de fato, Menger não deve ser colocado no mesmo grupo dos outros dois. (Walras não será discutido em detalhe aqui: ele tendia a ver o valor como uma medida arbitrária ou numeraire.) Apenas Menger tinha a noção de valor como julgamento, uma ideia que refletia a análise de Brentano nesse tópico.

Obviamente, Menger não foi o único austríaco a ser influenciado pela filosofia. Seu discípulo Eugen von Böhm-Bawerk também mostrava temáticas filosóficas em seu trabalho. Assim como Menger, ele rejeitava a alegação da Escola Historicista de que não existiam leis da economia universalmente válidas. Em um ensaio incisivo, “Control or Economic Law”, ele critica a afirmação de que o estado tem a habilidade de assegurar uma economia próspera em soberano desprezo às leis econômicas. Ao tomar essa posição, ele implicitamente rejeitou a posição de que todas as relações são internas; como já havíamos enfatizado, essa visão exclui a possibilidade de leis científicas.

Ao contrário de Menger, a principal inspiração filosófica de Böhm-Bawerk não foi Brentano, e através dele Aristóteles; foi, ao invés dele, o filósofo medieval William de Occam. A doutrina que Böhm-Bawerk tomou de Occam, contudo, não era exclusiva dele, mas se mantinha na tradição aristotélica.

A posição em questão era que conceitos precisam ser seguidos às suas origens na percepção, sua fonte final. Se, e.g., Hegel se refere ao Espírito Absoluto, um analista na tradição de Böhm-Bawerk perguntaria: de onde vem essa noção? Poderia-se mostrar como se chegaria a ela através da abstração da experiência? Se não se pode, o conceito deve ser rejeitado como não tendo significado.

Como essa questão nos envolverá consideravelmente mais adiante, um ponto de esclarecimento se faz necessário. Böhm-Bawerk não sustentava que cada conceito deveria se referir diretamente a algo perceptível pelos sentidos. Claramente, sua fonte, Occam, nunca teria sustentado tal posição, uma vez que Deus não é perceptível e Occam era um cristão devoto. Pelo contrário, a posição é ainda mais limitada. Conceitos que não se refiram a algo perceptível devem ser derivados dos conceitos de coisas perceptíveis.

Ao usar o seu método de análise, Böhm-Bawerk demoliu os confusos esforços da Escola Historicista de descrever o espírito de uma era e postular “leis” únicas para culturas particulares. O objetivo de Böhm-Bawerk em sua análise era prático. Ele desejava saber qual o uso científico que poderia ser feito de conceitos. Dessa forma, ainda que não em um alicerce filosófico, seu procedimento lembrava a busca por definições operacionais na moderna filosofia da ciência.

Böhm-Bawerk não se deteve ao conceito em seus esforços hercúleos para atingir clareza. Ele dedicou minuciosa atenção à análise de argumentos particulares propostos por outros economistas. Ao descobrir erros lógicos neles, a falsa doutrina seria derrubada e a causa da análise correta seria avançada. O mais famoso exemplo desse procedimento é seu exame devastador da economia de Karl Marx.

Ele devotou dois importantes trabalhos à crítica de Karl Marx: um capítulo em Capital and Interest e um livrete publicado separadamente, Karl Marx and the Close of His System. Pelo trabalho de precisão e detalhe característicos, Böhm-Bawerk abalou o princípio-chave da economia marxista, a teoria do valor trabalho. Como se tornou famoso, ele mostrou que Marx era incapaz de explicar preços de produção ao usar preços de trabalho. Mas como era característico, isso não foi o suficiente para ele. Apesar da dificuldade mencionada há pouco, o chamado problema da transformação, suficiente para arruinar a economia marxista, Böhm-Bawerk não confinou sua discussão a esse problema. Ele criticou praticamente todas as frases na derivação de Marx de sua teoria de valor.

Até então nós descrevemos a forma pela qual ideias filosóficas afetaram o tratamento de várias questões dentro da teoria econômica por Menger e Böhm-Bawerk. Mas a filosofia também os influenciou em questões mais abrangentes. A visão austríaca do método em economia manifesta doutrinas filosóficas distintas.

Por um lado, tanto Menger quanto Böhm-Bawerk enfatizaram muito que apenas indivíduos agem, uma posição que novamente os colocou em oposição à Escola Historicista, com suas raízes hegelianas. De acordo com o princípio do individualismo metodológico, estados, classes e outras entidades coletivas são reduzidos a indivíduos em relações entre si. Declarações tais como “a França declarou guerra contra a Alemanha em 1870” é uma forma abreviada para declarações sobre pessoas particulares. Essa posição pode parecer óbvia: parece estranho pensar no estado agindo de uma forma não-redutível às ações das pessoas que o compõe.

Mesmo assim, durante o século XIX esse ponto não era de forma alguma dado como verdadeiro. A Escola Historicista rejeitava o individualismo metodológico e, nessa rejeição, a eles se uniu o principal historiador legal alemão do período, Otto von Gierke. Mesmo muito depois disso, o economista austríaco Othmar Spann sustentava posições holísticas similares.

Spann, o qual nos referimos anteriormente de forma breve, achava que considerar indivíduos como agentes separados era o cúmulo da tolice. Indivíduos existem nas relações que formam seus caráteres. Deve-se tomar essas relações como completas, incapazes de subsequente análise. Poucos economistas hoje sustentam tais posições, mas o fato de que elas nos parecem bobas se origina, em parte, da campanha bem sucedida dos austríacos pelo individualismo.

Quais são as raízes filosóficas do individualismo metodológico? Aqui, eu sugiro, que nós devemos mais uma vez retornar a Aristóteles. Em Ética a Nicômaco, ele enfatiza a ação humana individual. De forma mais especulativa, pode-se apontar para o papel das substâncias individuais na Metafísica, mas o desenvolvimento dessa posição nos levaria longe demais.[9]

Ciência Dedutiva

Outro tema aristotélico exerceu grande influência sobre os austríacos; e esse, felizmente, é mais fácil de documentar. O método característico da economia austríaca, levado ao seu ponto mais alto por Mises, é a dedução. Se inicia com um axioma auto-evidente (“o homem age”) e com a ajuda de alguns postulados secundários, se deduz toda a ciência da ação humana.

Onde se originou essa noção de ciência? Apesar de, como mencionado anteriormente, ser muito difícil demonstrar influência direta na história intelectual, eu acho que não é acidente que a ideia de ciência dedutiva seja encontrada no Posterior Analytics de Aristóteles. Aristóteles argumenta que uma ciência completa deve começar com um axioma auto-evidente e, pelo uso da dedução, desabrochar toda uma disciplina. Frequentemente, as condições forçam o uso de meras hipóteses empíricas, mas esse é um mero recurso.[10]

A ciência empírica existe como um substituto para a verdadeira ciência, que deve funcionar através da dedução. Quando Brentano e outros reviveram o estudo de Aristóteles, essa visão de método se tornou disponível para estudos em universidades austríacas.

Aristóteles discutiu também a necessidade de princípios auto evidentes em Ética a Nicômaco. Ele nota que para justificar uma proposição, normalmente se procederia citando outra proposição. Mas se as coisas são deixadas assim, a tarefa não está cumprida. O que, por sua vez, justifica a proposição proposta em apoio ao argumento original? Obviamente, se pode citar ainda outra proposição, mas esse procedimento não pode continuar para sempre.

É preciso começar com um ou mais axiomas auto-evidentes dos quais a justificação procede. A não ser que isso seja feito, as razões propostas em apoio a um argumento não têm fundamento. Ou se empilha justificações indefinidamente ou se argumenta em círculo. Mais uma vez o paralelo com o procedimento austríaco é preciso. A praxeologia se origina do axioma da ação, que não requer nada mais em seu apoio.

Um erro comum precisa ser notado aqui. Não segue do argumento do regresso sobre a justificação que argumentos têm que sempre ser rastreados a apenas um axioma. Tudo o que o argumento mostra é que pelo menos um princípio auto-evidente é necessário para iniciar uma cadeia de justificação. Mas nada no argumento limita o número desses princípios.

Se fossemos argumentar que para evitarmos um regresso infinito de justificação, teríamos que chegar a um único axioma, o argumento seria falacioso. O argumento, em resumo, seria que uma vez que toda a proposição que não requer justificação, deve haver uma proposição básica que é a fonte da qual todas as outras são justificadas. Isso é equivalente ao “argumento” que uma vez que todos têm um pai, alguém é o pai de todos. Obviamente, isso está errado.

Quando se argumenta que uma proposição é auto-evidente, isso não significa que se esteja apelando para uma experiência psicológica de certeza em apoio à proposição. Fazer isso seria precisamente argumentar que a proposição não é auto-evidente, uma vez que sua evidência aqui depende de outra coisa – a experiência psicológica. Se alguém tem uma experiência “Aha” no estilo da psicologia Gestalt em vir a perceber a auto-evidência de uma proposição é irrelevante.

Esse ponto é importante pois hermeneuticistas contemporâneos às vezes mantêm que os axiomas auto-evidentes da praxeologia são na verdade princípios aceitos por uma comunidade particular. Essa abordagem é simplesmente uma variante da falácia psicológica que nós já consideramos. Se um grupo particular aceita a proposição como um axioma difere da questão de se o axioma é auto evidente.

Até então eu tenho afirmado que o método dedutivo da economia austríaca se origina em Aristóteles. Mas uma objeção óbvia vem à mente. Quando se volta para a terceira grande figura da Escola Austríaca, Ludwig von Mises, Aristóteles parece estar fora de cena. Ao invés dele, Mises faz uso de uma distinta terminologia neokantiana: em particular, em relação às proposições da economia austríaca como verdades sintéticas a priori. O axioma da ação assume livre escolha, mas isso é um postulado para Mises. Mises não presume legislar para o mundo noumenal. Não se pode, pensava ele, excluir a possibilidade de que a ciência irá demonstrar que o determinismo rígido é verdadeiro. (Um tanto estranho, aqui Mises contraria Kant, que pensava que éramos fenomenologicamente determinados mas noumenalmente livres.)

Tendo levantado essa objeção, não devo perder muito tempo com ela. Apesar de Mises de fato fazer uso da linguagem kantiana, nada em seu argumento depende do sistema kantiano. Quando Mises emprega a expressão “proposição sintética a priori”, por exemplo, ela simplesmente designa que seja necessariamente verdadeira e não uma tautologia. Aqueles que preferem uma abordagem aristotélica podem facilmente traduzir os termos de Mises para o seu uso preferido.

A grande importância de Mises para os nossos propósitos não está na sua fachada kantiana. Pelo contrário, está em um grupo de filófosos, os positivistas lógicos, que surgiram nos anos 1920, e desenvolveram doutrinas que ameaçaram abalar o sistema austríaco. Suas posições, até o ponto em que colidiam com o sistema de Mises, não desafiavam a sua economia; ao invés disso, era seu método dedutivo que levou os positivistas a protestar. Para Mises, então, nosso foco não é os filósofos que o influenciaram, mas aqueles que o atacaram. Em sua resposta a esses ataques, Mises desenvolveu e esclareceu ainda mais a posição austríaca.

Os positivistas lógicos ou Círculo de Viena se encontravam sob a liderança de Moritz Schlick, um professor de filosofia na Universidade de Viena. Apesar de Schlick liderar o grupo, as posições dele não eram em todos os aspectos características do Círculo. Como um exemplo, ele acreditava que ética era uma ciência, enquanto a maioria dos positivistas lógicos viam asserções éticas como empiricamente desprovidas de significado.[11]

Provavelmente, o membro do grupo mais importante filosoficamente foi Rudolf Carnap, nascido alemão, mas residente em Viena. Ironicamente, o irmão de Ludwig von Mises, Richard von Mises, fazia parte do Círculo, assim como Karl Menger, o filho do fundador da Escola Austríaca. Outro membro, Felix Kaufmann, foi também um participante dos seminários de Ludwig von Mises. Apesar disso, assim como todos os membros do Círculo, ele se opunha fortemente à abordagem dedutiva de Mises ao método econômico.

O grupo não era muito influente em seu início. Eric Voegelin, que estava em Viena nos anos 1920 e 1930, uma vez me falou em uma conversa que os positivistas lógicos eram normalmente vistos como excêntricos e loucos. A visão negativa de Voegelin sobre o grupo talvez tenha dado mais cor às suas memórias, mas seu testemunho é significante apesar disso. O Círculo se tornou muito mais influente após a ascensão de Adolf Hitler ao poder em 1933. A situação política européia, culminando na anexação da Áustria pela Alemanha em março de 1938 forçou a maioria dos positivistas lógicos ao exílio. Muitos deles acabaram nos Estados Unidos e garantiram posições em grandes universidades. É amplamente devido à influência dos positivistas lógicos na filosofia americana que a maioria dos economistas americanos rejeitam a praxeologia. Eles vêem o método de Mises como fora de moda e escolástico, que supostamente não seguia as direções da filosofia científica.

A essência do positivismo lógico pode, para os nossos propósitos, ser definida de forma bastante simples. Todos os enunciados empíricos, i.e., enunciados sobre o mundo, devem ser testáveis. Se um enunciado não podem ser testado, então ele não tem significado empírico. Por “testável” ou “verificável” os positivistas queriam dizer “capaz de ser percebido pelos sentidos.” Esse é o famoso critério de verificabilidade de significado, o princípio mais reconhecido do Círculo de Viena.

Pode-se ver imediatamente que a estrutura da economia austríaca está com sérios problemas se o critério de verificabilidade é aceito. De acordo com Mises, as proposições da economia são necessariamente verdadeiras. Mas verdades necessárias não podem fornecer informação sobre o mundo, na visão positivista lógica. Apenas proposições que podem ser tanto verdadeiras quanto falsas, dependendo das circunstâncias, fornecem informação. Proposições que devem sempre ser verdadeiras ou sempre ser falsas não fornecem informação. A conclusão então parece inevitável: a economia austríaca não fornece nenhuma informação sobre o mundo.

Os positivistas lógicos não negavam que algumas proposições tem que ser verdadeiras. Mas, como sugerido acima, isso não ajuda em nada a economia austríaca. Verdades logicamente necessárias são apenas tautologias, i.e., enunciados que não fornecem nenhuma nova informação sobre o mundo.[12] Um exemplo fundamental de tautologia é uma definição. No exemplo clássico banal, o enunciado “um solteiro é um homem que nunca casou e já tem uma certa idade” não fornece nenhuma informação sobre o mundo. Ele meramente oferece uma definição. Uma definição nos diz que duas expressões podem ser substituídas uma pela outra em uma frase enquanto o valor verdade é preservado. De forma semelhante, uma proposição necessariamente falsa é a negação de uma tautologia. Se eu fosse afirmar que alguns solteiros são casados, eu não estaria fazendo uma falsa asserção sobre a realidade. Eu estaria usando a expressão “solteiro” de forma inadequada.

Teria a economia austríaca tomado um golpe fulminante por essas considerações? Mises certamente achava que não. Em The Ultimate Foundation of Economic Science, ele considera a afirmação de Karl Popper que proposições científicas podem ser falseáveis. Apesar de Popper não ser um positivista, ele tinha em mente o critério de falsificação para separar enunciados científicos de não-científicos.

O comentário de Mises foi desdenhoso: “se aceita-se a terminologia do positivismo lógico… uma teoria não é científica se ela não pode ser refutada pela experiência. Consequentemente, todas as teorias a priori, incluindo a matemática e a praxeologia não são científicas. Isso é meramente uma disputa verbal que não leva a nada.”[13]

É fácil ver que a reação de Mises ao critério da verificabilidade seria a mesma. A praxeologia chega à verdade pela dedução. Se alguém deseja definir “significado” de forma que as conclusões da praxeologia são empiricamente desprovidas de significado, deveria ele se preocupar? A isso uma réplica se apresenta. Os positivistas lógicos não viam seu critério de significado como uma proposta arbitrária, para ser ignorada por qualquer um que não compartilhasse das afinidades do Círculo. Pelo contrário, eles alegavam que sua posição era bem sustentada. Eles estão corretos?

Eu acho que não. De fato, o critério é inútil, uma vez que todo enunciado se torna verificável sob ele. Suponha que “p” seja um enunciado verificável livre de controvérsia, e.g., “há uma cadeira nessa sala.” Tomemos “q” como um enunciado que os positivistas lógicos rejeitam como desprovido de significado. Um bom exemplo seria um que Rudolf Carnap tomou para ridicularizar quando ele clamou pelo fim da metafísica. Ele citou o seguinte trecho de Ser e Tempo (1927) de Martin Heidegger: “O nada nega a si mesmo”. Eu não vou tentar explicar isso: pode-se ver por que Carnap o apresentou como um exemplo de paradigma de um enunciado desprovido de significado.

O princípio da verificação o elimina? Surpreendentemente não. De p, nós deduzimos p ou q. (Esse passo não é controverso.) Assumindo que a consequência lógica de uma proposição verificável é ela mesma verificável , (p ou q) é verificável. Ademais, se p é verificável, então a negação de p é verificável; esse princípio parece ser difícil de questionar. Agora, considere esse argumento:

  • p ou q
  • não-p
  • q

Esse argumento é válido e cada uma das suas premissas é verificável. Então, q é uma consequência lógica de proposições verificáveis, e ela é, também, verificável. Claramente, se o critério de verificação não pode eliminar “o nada nega a si mesmo”, ele não tem muito valor.

O critério de falsificação não se sai muito melhor. Se p é falseável, então (p e q) é falseável. Mais uma vez, não-p deveria ser falseável se p é, ainda que Karl Popper tenha, de forma não plausível, negado isso. Por um argumento paralelo aquele para a verificação, concluímos que q é falseável.

Pode-se pensar que isso é um mero truque, prontamente evitável através de uma pequena modificação do princípio. Tem havido muitas tentativas de formular um critério que produz os resultados “corretos”, mas até agora todos falharam em resistir a críticas.

Entretanto, algumas pessoas irão persistir em pensar que o princípio é basicamente adequado. Para elas, nos podemos propor uma objeção mais profunda, ainda que mais estúpida, do que a referida previamente: por que alguém deveria aceitar o critério da verificabilidade? Certamente que seus proponentes nos devem algum argumento que enunciados que eles desejam eliminar como desprovidos de significado realmente são desprovidos de significado. Eles, de fato, não fornecem nenhum. Talvez o melhor relato do critério de um ponto de vista simpático é encontrado em Aspects of Scientific Explanation (1965), de Carl Hempel. Hempel descreve de forma elaborada as modificações e complicações do critério nas décadas em que tem sido discutido. Mas ele não oferece nenhum argumento a seu favor. Mises estava totalmente certo. O princípio da verificação é uma formulação arbitrária que não tem nenhuma reivindicação em nosso apoio.

Antes de deixarmos o principio da verificabilidade, eu deveria mencionar outra crítica proposta contra ele. Muitos oponentes do positivismo lógico argumentam que ele se auto-refuta. O fenomenologista polonês Roman Ingarden foi provavelmente o primeiro a propor esta crítica e ela tem sido avançada de forma bastante efetiva por Hans Hoppe. Eu não irei discutir essa objeção com detalhes aqui: é suficiente dizer que se usado cuidadosamente, essa crítica cumpre seu objetivo.[14]

Para mim, as considerações mencionadas acima descartam o positivismo lógico, pelo menos para os nossos propósitos. Contudo, por causa da grande influência de Karl Popper na metodologia econômica contemporânea, eu acho aconselhável fazer algumas observações sobre a sua variante do positivismo.

Popper tem tido algum efeito na economia austríaca, em grande parte devido ao fato de Friedrich Hayek, seu amigo próximo, ter, em parte, abandonado a praxeologia e adotado o falsificacionismo. Ao fazer isso, Hayek reenfatizou uma força positivista em seu pensamento que tem estado presente desde os seus dias de universidade. Ele ficou profundamente impressionado pelo físico e filósofo Ernst Mach, cujas posições, em muitos aspectos, lembram o positivismo lógico. Mach rejeitava conceitos em física que não podiam ser derivados dos sentidos. Por exemplo, ele se recusava a aceitar a doutrina do movimento absoluto de Newton, pois, em sua opinião, ela carecia de referência empírica. Ele rejeitava também o atomismo: átomos não existem e são uma mera hipótese.

As tendência machianas de Hayek emergem com força total em The Sensory Order, seu estudo da percepção. Popper não pode ser culpado ou reconhecido pelo positivismo de Hayek. O que ele fez foi trazer a extensão do positivismo de Hayek para a economia. Mas isso foi uma digressão. Voltando a Popper, sua doutrina básica modifica o critério de verificabilidade. Ao invés de dizer que um enunciado com significado sobre o mundo deve ser empiricamente verificável, Popper afirma que um enunciado científico deve ser falseável. Popper rejeita totalmente qualquer associação com os positivistas: ele enfatiza que seu critério de falsificação é um teste para enunciados científicos, não um critério de significado. Pelo menos em seus primeiros anos, contudo, ele dava pouca importância a enunciados não-científicos; e apesar de nos últimos anos ele estar cada vez mais disposto a apoiar enunciados “metafísicos”, ele não os considera verdadeiros ou falsos. Não é surpresa que Carnap e Herbert Feigl classificavam Popper como um aliado.

Falar que uma proposição deve ser “falseável” ao invés de “verificável” parece trivial a princípio. Se uma proposição é verificada, sua negação é falsificada; se uma proposição é falsificada, sua negação é verificada. Considere, e.g., “A curva de demanda tem inclinação negativa e para a direita.” Sempre que isso for verificado, sua negação, “a curva de demanda falha em ter inclinação negativa e para a direita” é falseável.

Ademais, uma vez que qualquer proposição é verificável (como mostrado acima), a negação de qualquer proposição é falseável. Uma vez que a negação é idêntica à proposição da qual nós começamos, concluímos que qualquer proposição é verificável e falseável.

Então por que todo o alvoroço? O critério de falsificação de Popper é, de fato, muito mais do que uma trivialidade. Ele mantém que confirmar uma proposição não aumenta a probabilidade que seja verdadeira, uma vez que ele rejeita indução. Não importa quantas vezes uma curva de demanda seja encontrada com inclinação negativa e para a direita, as chances de que esse enunciado seja verdadeiro não aumentaram. Mises mostrou seu bom senso característico a não querer nada com o ceticismo de Popper.

Em todos os estágios de desenvolvimento da economia austríaca, a filosofia tem sido presente, ainda que não de forma dominadora. Ação, o tema central da praxeologia, tem recebido uma distinta análise aristotélica na tradição austríaca. A economia austríaca e a filosofia realista parecem ter sido feitos um para o outro.

Ensaio Bibliográfico

Minha discussão das doutrinas econômicas da Escola Historicista Alemã se baseia principalmente em dois trabalhos de Ludwig von Mises: The Historical Setting of the Austrian School of Economics (Auburn: Ludwig von Mises Institute, 1984), e Omnipotent Government (New Haven: Yale University Press, 1944). Erich Streissler argumenta que os escritos de Mises sobre a Escola Historicista Alemã se aplicam apenas ao final da Escola Historicista. O início da Escola Historicista era muito mais simpático à teoria econômica. Veja o ensaio de Streissler em B. Caldwell, ed. Carl Menger and His Legacy (History of Political Economy, Annual Supplement to Volume 22, Durham, N.C.: Duke University Press, 1990), pp. 31-68. “The Influence of German Economics in the Work of Menger and Marshall” (Glencoe, Ill.: Free Press, 1951).

Sobre Werner Sombart, veja a discussão por Mortin J. Plotnick, Werner Sombart and His Type of Economics (New York: EcoPress, 1937). A abordagem de Sombart pode ser avaliada nos seus The Jews and Modern Capitalism (New York: EcoPress, 1962) e The Quintessence of Capitalism (London: T. F. Unwin, Ltd., 1915). Estes combinam uma vasta quantidade de dados históricos com pouquíssima análise. Sombart acabou se tornando um apoiador de Hitler: veja A New Social Philosophy (Princeton: Princeton University Press, 1937).

Muito pouco de Othmar Spann está disponível em inglês; mas o seu History of Economics (New York: Norton 1930) deixa claro o quanto ele foi influenciado pelo pensamento romântico alemão, especialmente por Adam Mueller. A relação de Hegel com o Romantismo é uma questão complicada não discutida nesse ensaio. Para um tratamento importante, o capítulo “Expressionism” em Charles Taylor, Hegel (Cambridge: Cambridge University Press, 1975) deve ser consultado. Lewis Hinchman, Hegel’s Critique of the Enlightenment (Gainesville: University Presses of Florida, 1984) também é excelente.

Para um estudo de Hegel em economia, Laurence Dickey, Hegel: Religion, Economics and the Politics of Spirit 1770-1807 (Cambridge: Cambridge University Press, 1987) é um relato documentado muito minucioso. Ele enfatiza a tentativa de Hegel de ajustar suas crenças filosóficas e religiosas às suas investigações econômicas e históricas.

Sobre a doutrina das relações internas, H. H. Joachim, The Nature of Truth (Oxford: Clarendon Press, 1906) apresenta uma forte defesa da teoria. G.E. Moore “Internal and External Relations” em seu Philosophical Studies (New York: Harcourt, Brace, 1922) é uma crítica muito importante. Moore argumenta que a posição das relações internas se baseia numa falácia: falar que algo será diferente se ele carece de alguma propriedade que ele de fato tenha é uma verdade trivial. Disso não segue que uma coisa sem alguma de suas propriedades relacionais seria alguma outra coisa. Brand Blanshard, Reason and Analysis (La Salle, Ill.: Open Court, 1973), defende a doutrina contra todos os detratores.

A doutrina das relações internas está intimamente relacionada à noção de unidade orgânica. Sobre a unidade orgânica na filosofia de Hegel, um dos melhores tratamentos é por J.M.E. McTaggart, um filósofo de mérito excepcional por seus próprios atributos. Veja o seu Studies in the Hegelian Dialectic (Cambridge: Cambridge University Press, 1922) e Studies in Hegelian Cosmology (Cambridge: Cambridge University Press, 1901). Eu devo alertar o leitor que a minha admiração por McTaggart como comentador de Hegel não é universalmente compartilhada.

Uma forte defesa do uso da unidade orgânica por Hegel por um escritor extremamente familiarizado com a lógica moderna é Errol Harris, Formal, Transcendental, and Dialectical Logic (Albany, N.Y.: State University of New York Press, 1987). Eu fiz uma resenha desse trabalho no International Philosophical Quarterly 30 (December 1990): 503-507. Harris a respondeu em “Reply to Gordon: Formal and Dialectical Logic,” International Philosophical Quarterly 31 (1991); para não ser superado, eu respondi em “Reply to Harris: On Formal and Transcendental Logic,” International Philosophical Quarterly 32 (1992). Esse diálogo cobre um grande número de questões importantes em disputa entre proponentes de uma abordagem “orgânica” à lógica e seus oponentes. O excelente Cosmos and Anthropos de Harris (Atlantic Highlands, N. J.: Humanities Press, 1991) deve também ser consultado por sua análise hegeliana da ciência.

Conforme mencionado no texto, Karl Popper oferece uma interpretação divergente da filosofia da história de Hegel a qual eu apoio. Em seu The Poverty of Historicism (New York: Harper, 1964), ele tenta demonstrar que nós não podemos “prever o curso futuro da história” (p. vii). Na minha opinião, o argumento dele falha: ele se baseia no equívoco “o futuro resulta da ciência.” Ainda assim, o livro é altamente recomendado. De longe, o melhor trabalho sobre a influência de Hegel na filosofia alemã do século XIX é John Toews, Hegelianism (Cambridge: Cambridge University Press, 1980). Herbert Marcuse avalia a influência de Hegel de um ponto de vista “hegeliano de esquerda” em Reason and Revolution: Hegel and the Rise of Social Theory (Boston: Beacon Press, 1960). Apesar de o livro ter alguns insights valiosos, sua constante repetição de “o poder do pensamento negativo” em Hegel é muito próximo de ser obsessivo. Karl Löwith, From Hegel to Nietzsche (New York: Anchor, 1967) é um trabalho de profundo aprendizado.

O trabalho de Hegel em política e economia tem despertado enorme interesse nos últimos anos. William Maker, ed. Hegel on Economics and Freedom (Macon, Ga.: Mercer University Press, 1987) apresenta um grande número de diferentes interpretações. Uma das mais interessantes contribuições ao volume é de Richard Dien Winfield; em seu Reason and Justice (Albany, N.Y.: State University New York Press, 1988) ele apresenta uma defesa exaustiva da economia hegeliana. Apesar de Winfield não ser um apoiador do livre mercado, ele simpatiza muito mais com o capitalismo do que o normal entre os hegelianos contemporâneos; e ele desenvolve algumas excelentes críticas a Marx. Harry Brod, Hegel’s Philosophy of Politics (Boulder, Colo.: Westview Press, 1992) argumenta que Hegel oferece um “meio termo” entre marxismo e liberalismo. Steven Smith, Hegel’s Critique of Liberalism (Chicago: University of Chicago Press, 1989) é um livro cuidadosamente produzido. George Armstrong Kelly, Hegel’s Retreat from Eleusis (Princeton: Princeton University Press, 1978) contrapõe Hegel com pensadores políticos posteriores.

Apesar de no texto eu não poder fazer mais do que mencionar “sociedade civil,” o leitor deve estar ciente que esse se tornou um “assunto da moda” em filosofia política contemporânea. Um trabalho gigantesco sobre esse assunto é Andrew Arato e Jean Cohen, Civil Society and Political Theory (Cambridge, Mass.: MIT Press, 1992). Outro amplo trabalho, como Cohen e Arato escrito de um ponto de vista socialista, é John Keane, Democracy and Civil Society (London: Verso, 1988). Z.A. Pelczynski, ed., The State and Civil Society: Studies in Hegel’s Political Philosophy (Cambridge: Cambridge University Press, 1984) defende Hegel de forma geral contra a crítica de apoiar um estado todo-poderoso. Norbert Waszek, The Scottish Enlightenment and Hegel’s Account of ‘Civil Society’ (Boston: Kluwer, 1988) é valioso não apenas para o tópico anunciado em seu título, mas também para o estudo de Hegel dos economistas clássicos.

Quando vamos de Hegel para Brentano, a atmosfera filosófica muda para melhor, na minha opinião. Os trabalhos principais de Brentano estão disponíveis em tradução para o inglês: Franz Brentano, Psychology from an Empirical Standpoint, trans. A.C. Rancurello et al., (London: Routledge, 1973). A discussão de Brentano de julgamentos de valor “corretos” e “incorretos” está em Franz Brentano, The Origin of Our Knowledge of Right and Wrong, R.M. Chisholm and Elizabeth Schneewind, trans., (Atlantic Highlands, N. J.: Humanities Press, 1969). G.E. Moore escreveu uma resenha da teoria do valor de Brentano em International Journal of Ethics Vol. 14 (1903), pp. 115-123. A crença de Brentano na objetividade de valores influenciou fortemente Moore e, por um tempo, Bertrand Russell. Thomas L. Carson, The Status of Morality (Dordrecht: D. Reidel, 1984) defende uma teoria do valor brentanista. Ludwig von Mises tinha uma opinião diferente nesse tópico: em Theory and History (Washington, D.C.: Ludwig von Mises Institute, 1985) p. 36, n.1, ele rejeita a teoria de Brentano. Infelizmente, Mises não discutiu os argumentos de Brentano. A doutrina da intencionalidade de Brentano, provavelmente a sua principal contribuição à filosofia, é discutida em detalhe em David Bell, Husserl (London: Routledge, 1990).

As posições de Locke e Hume sobre a teoria do conhecimento são, eu temo, grosseiramente simplificadas no texto. Para uma correção, ver H.H. Price, Hume’s Theory of the External World (Oxford: Clarendon, 1940). Esse trabalho mostra como Hume construiu um mundo a partir de dados dos sentidos: é um livro belamente escrito e um dos meus favoritos. Interpretações muito diferentes da epistemologia de Hume dada por Price, que eu sigo no texto, são dadas por John Wright, Hume’s Skeptical Realism (Manchester: Manchester University Press, 1983) e Galen Strawson, The Secret Connexion: Causation, Realism and Hume (Oxford: Oxford University Press, 1989). Michael Ayres, Locke, Volume I: Epistemology (London: Routledge, 1991) é de longe o melhor livro sobre a teoria do conhecimento de Locke. Junto do volume que o acompanha, Ontology, é um grande tratado filosófico. Ayres defende posições lockeanas contra muitas posições atualmente aceitas.

Eu não estou ciente de nenhum relato abrangente da filosofia de W.S. Jevons. Seu trabalho mais importante em teoria do conhecimento é The Principles of Science 2 vols. (London: MacMillan, 1874). Suas posições sobre utilidade estão em The Theory of Political Economy (London: MacMillan, 1871). Um trabalho vital para entender o empiricismo britânico do século XIX é John Skorupski, John Stuart Mill (London: Routledge, 1989). Skorupski defende muitas das teorias características dos empiricistas. Um livro muito útil que contrapõe os empiricistas britânicos com os alemãs românticos em teoria do conhecimento é Hans Aarsleff, From Locke to Saussure (Minneapolis: University of Minnesota Press, 1982).

Como sugerido no texto, a crítica de Böhm-Bawerk a Marx fornece um dos melhores exemplos de seu método analítico. Críticas posteriores à teoria do valor-trabalho de Marx devem muito a Böhm-Bawerk, como pode ser visto em um dos melhores resumos de trabalhos recentes sobre essa teoria: Jon Elster, Making Sense of Marx (Cambridge: Cambridge University Press, 1985). No meu Resurrecting Marx (Rutgers: Transaction Books, 1990), eu discuto os argumento de Böhm-Bawerk em mais detalhes do que aqui.

O individualismo metodológico é, obviamente, uma das doutrinas-chave da economia austríaca. Alan Garfinkel, Forms of Explanation (New Haven: Yale University Press, 1981) é uma discussão importante, mas não aceita a posição individualista. J.W.N. Watkins, “Ideal Types and Historical Explanation” em Alan Ryan, ed., The Philosophy of Social Explanation (Oxford: Oxford University Press, 1973) defende o individualismo metodológico; da mesma forma faz Jon Elster, em Making Sense of Marx, op. cit. Um tanto estranho, Elster argumenta que Marx era um individualista metodológico. Margaret Gilbert, On Social Facts (London: Routledge, 1989) desenvolve uma posição original sobre essa questão: ela argumenta que os fenômenos sociais envolvem “sujeitos plurais.” Ver também Robert Nozick, The Examined Life (New York: Simon and Schuster, 1989, p. 73).

Terence Irwin, Aristotle’s First Principles (Oxford: Oxford University Press, 1988) é um guia extraordinariamente detalhado das posições de Aristóteles sobre o método adequado em filosofia e ciência. As noções de Irwin de “dialética fraca e forte” são especialmente úteis para entender Aristóteles. Duas das melhores discussões recentes de Nicomachean Ethics são Sarah Broadie, Ethics with Aristotle (Oxford: Oxford University Press, 1991) e Richard Kraut, Aristotle on the Human Good (Princeton: Princeton University Press, 1989). Douglas Rasmussen e Douglas Den Uyl, Liberty and Nature (La Salle, Ill.: Open Court, 1991) aplica ideias aristotélicas à filosofia política moderna. Para uma discussão de economia aristotélica e austríaca, Barry Smith, “Aristotle, Menger, Mises: An Essay in the Metaphysics of Economics” em B. Caldwell, op. cit. (pp. 263-88) é uma leitura essencial.

Minha observação na página 23 sobre proposições auto evidentes derivam de G.E. Moore, Principia Ethica (Cambridge: Cambridge University Press, 1903). Michael Williams, Groundless Belief (Oxford: Oxford University Press, 1977) argumenta contra proposições auto evidentes. Do ponto de vista da hermenêutica, ver o grande trabalho dessa escola: Hans-Georg Gadamer, Truth and Method (New York: Seabury Press, 1975).

Minha afirmação de que Mises não rejeitou o determinismo (p. 23) pode parecer surpreendente, mas é na verdade um eufemismo. Mises era um determinista, contudo, ele pensava que a ciência não estava, naquele momento, numa posição de descobrir as leis pelas quais o pensamento humano opera. Assim, existe espaço para a praxeologia, uma disciplina que toma os seres humanos como agentes racionais. Ver Theory and History, op. cit. Para um relato excelente da filosofia de Kant, ver Paul Guyer, Kant and the Claims of Knowledge (Cambridge: Cambridge University Press, 1987). As observações de Mises sobre as categorias do pensamento humano não o envolvem nos complexos argumentos de Kant.

De acordo com J. Alberto Coffa, The Semantic Tradition from Kant to Carnap (Cambridge: Cambridge University Press, 1991), a filosofia do positivismo lógico surgiu em oposição ao argumento de Kant que o conhecimento a priori é baseado em pura intuição. O relato mais famoso do princípio da verificação dos positivistas é A.J. Ayer, Language, Truth and Logic, rev. ed. (Oxford: Oxford University Press, 1946). A edição revisada do livro deve ser consultada para a reformulação de Ayer do princípio em respostas a críticas. Ayer sustentou esse princípio até o fim de sua vida: ver “Reply to Dummett” em Lewis Hahn, ed., The Philosophy of A.J. Ayer (LaSalle, Ill.: Open Court, 1992), pp. 149-156. O ensaio de Michael Dummett que está no mesmo volume, “The Metaphysics of Verificationism,” pp. 129-148, deve ser também consultado. Minha crítica à posição positivista no texto deve muito Alvin Plantinga, God and Other Minds (Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1967).

No texto, eu argumento que a posição de Karl Popper quanto ao significado não é melhor do que a dos positivistas. Para um vigoroso argumento do contrário, ver W.W. Bartley, III, Unfathomed Knowledge, Unmeasured Wealth (La Salle, Ill.: Open Court, 1990). O seu “racionalismo crítico” me parece permitir que se acredite no que quiser: a crítica a qual essas crenças estão sujeitas se baseia em padrões arbitrários.

Artigo Original

Tradução de Daniel Chaves Claudino

Revisão por Lacombi Lauss

Notas

[1] Richard Dien Winfield, The Just Economy (New York: Routledge, 1988) discute e defende as doutrinas econômicas hegelianas.

[2] Jeremy Waldron, The Right to Private Property (Oxford: Oxford University Press, 1988) analisa de forma elaborada o argumento de Hegel para a propriedade privada.

[3] Brand Blanshard, Reason and Analysis (La Salle, Ill.: Open Court, 1973, p. 475.

[4] Para uma defesa da unidade orgânica por um hegeliano contemporâneo, ver Errol Harris, The Foundations of Metaphysics in Science (New York: Humanities Press, 1965), pp. 279-84.

[5] Karl Popper, The Open Society and Its Enemies, vol. II (New York: Harper, 1967), pp. 27-80.

[6] Ludwig von Mises, Omnipotent Government (New Haven: Yale University Press, 1944).

[7] O tratamento da Escola Historicista Alemã dado acima foi influenciado por Ludwig von Mises, The Historical Setting of the Austrian School of Economics (Auburn: Ludwig von Mises Institute, 1984). Eu não lidei com as diferenças entre as Escolas Historicistas do período inicial e final. Meus comentários se aplicam principalmente à última.

[8] As posições de Brentano são muito bem analisadas em David Bell, Husserl (London: Routledge, 1990).

[9] Para uma excelente introdução a Aristóteles, ver Henry Veatch, Aristotle: A Contemporary Appreciation (Bloomington: University of Indiana, 1974).

[10] Aristóteles acreditava que através da indução se pode chegar a verdadeiros primeiros princípios. Esses formariam a base da ciência. Isso é discutido em Terence Irwin, Aristotle’s First Principles (Oxford: Oxford University Press, 1988), p. 35.

[11] Essa posição envolve a notória “teoria emotiva da ética.”

[12] J. Albert Coffa, The Semantic Tradition From Kant to Carnap: To the Vienna Station (Cambridge: Cambridge University Press, 1991) fornece um relato abrangente da filosofia do positivismo lógico.

[13] Ludwig von Mises, The Ultimate Foundation of Economic Science. (Kansas City: Sheed Andrews and McMeel, 1977), p. 70.

[14] A crítica pressupõe que o primeiro argumento dado acima pode ser esquivado. De outra forma, o critério é verificável, uma vez que todos os enunciados são verificáveis. O positivista não irá achar essa “defesa” do seu gosto.

David Gordon

David Gordon é membro sênior do Mises Institute, analisa livros recém-lançados sobre economia, política, filosofia e direito para o periódico The Mises Review, publicado desde 1995 pelo Mises Institute. É também o autor de The Essential Rothbard.